sábado, 25 de abril de 2009

Neste domingo a Igreja Católica ganha novo santo português



Este domingo - 26 de abril de 2009 - data comemorativa a Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, (imagem ao lado) é um grande dia: a lista dos portugueses considerados santos pala Santa Madre Igreja e, como tal, apresentados a todo o mundo cristão como modelos de virtudes, vai ser aumentada com mais um elemento. Trata-se de Nuno Álvares Pereira, que a tradição popular se habituou a chamar “Santo Condestável” e que Bento XV tinha inscrito em 1918 na lista dos Bem-aventurados, com o nome de Beato Nuno de Santa Maria.
Vamos antes transcrever um trecho da nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa porque, ela também, merece ser lida e assimilada, não só por portugueses mas por homens e mulheres do mundo inteiro.

“Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.
Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos.”

Quem foi Dom Nuno Álvares Pereira
Nuno Álvares Pereira (Ordem Carmelita), também conhecido como o Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria. Nuno Álvares Pereira nasceu na vila de Flor da Rosa, concelho do Crato, mas há também historiadores que defendem que ele nasceu nos Paços do Bonjardim, na vila de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã. É um dos 26 filhos conhecidos do prior do Crato, D. Álvaro Gonçalves Pereira e de Iria Gonçalves do Carvalhal.
Casou com Leonaor de Alvim a 1377 em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja. Quando o rei Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa Beatriz casada com o rei João I de Castela, Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de Pedro I de Portugal, João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos Atoleiros em Abril de 1384, João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém. Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que fundara como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de novembro de 1431, com 71 anos.
Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terremoto de 1755. O seu epitáfio era:
"Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."

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