Sobre a provocação do Salatiel nesta questão do cinema, ao relatar as filmagens com Patativa, volto a mais uma postagem sobre ela. Gostaria de provocar (no bom sentido) mais o Carlos, Lupeu, Leonel, Marta, o Maurício, Bantim, Cacá,Dihelson, Zé Flávio, Claude, Socorro, Morais e toda esta lista de líderes e interessados no assunto para abrir um debate. Acho que deva existir uma mediação e sei da importância do assunto, especialmente neste momento da CONSULTA PÚBLICA DA LEI DA CULTURA (da revisão da Lei Rouanet). Este debate poderia até servir para que os mediadores dos dois blogs (Caricult e Blog do Crato) possam apostar contribuições à consulta. Agora vem um texto na linha de estímulo ao assunto.
Quando pensamos em cinema, não é exatamente no audiovisual que concentramos a idéia. Afinal um vídeo, um filme, uma foto, uma apresentação de slide ou outras mídias de igual natureza podem ser vistas de muitos modos, inclusive nesta tela em que lemos estas palavras. Cinema é, a rigor, a sala de projeção coletiva. Aquela que reúne várias pessoas, que chegam ali por que querem, podem pagar ingresso ou não, mas não estão na sala de visita familiar apenas. Estão num ambiente de reunir pessoas.
Foi esta parte da cultura que se escafedeu no Brasil. Hoje, na imensa maioria das cidades não tem salas de projeção. Não existem sessões com hora marcada. Não existe, nem a distribuição dos filmes que circulam no mercado mundial. Mesmo morando em cidades como Crato, Juazeiro e Barbalha, não se chega nem aos pés da produção circulante. Agora veja quem assistir qualquer destes canais de TV a cabo que passem filmes antigos, como se encontrará neles. A maioria daqueles filmes passou em algum cinema do Crato. A maioria foi vista quando ainda morávamos no interior. Claro que da minha geração quem mora no Rio ou São Paulo ou em alguma capital teve uma amplitude maior. Mas está claro que o circuito cinematográfico mundial, especialmente as grandes bilheterias, aconteciam em Crato.
Precisamos retornar às antigas salas? Certo que não. Talvez com a introdução do lazer farto e conservado do domicílio de cada um isso não seja necessário. Mas salas bem mais simples, com outras formas de exploração poderiam perfeitamente existir, principalmente agora que todo o processo de reprodução e exibição ficou infinitamente mais simples e barato. Por exemplo, o que impede que um bar charmoso do Crato, destes que a juventude gosta de freqüentar, não tenha um simples data-show, amplificadores, caixas de som e mais uma tela para oferecer pelo menos uma sessão a cada noite. Nada impede que um sindicato, uma casa paroquial, um colégio, uma praça ou até mesmo uma casarão destes abandonados, numa movimentada rua que sirva para um cinema minimamente arrumado e com conforto, vedação luminosa e de som para que sessões possam existir nas matinês?
Uma barreira certamente é o direito autoral. Então vamos lutar por uma política de distribuição diferente da atual. O próprio governo pode estabelecer alternativas e incentivar processos descentralizados, usando até mesmo a banda larga e a abundância moderna dos correios para distribuir filmes em larga escala por todo o território nacional. Não se pode cobrar de uma salinha paroquial o mesmo que se cobra para uma Cinemark da vida, então tem que haver uma política de compensações cruzadas, na qual quem pode paga mais e quem não pode até mesmo isenção existiria, pois o cinema é uma arte que tem por destino os milhões de pessoas.
Uma coisa tenho certeza: o que não pode é o cinema ficar prisioneiro dos freqüentadores de shoppings pois aí é um público muito seletivo que naturalmente reduz a oferta cultural e a pluralidade das artes. Acho que este é parte do modelo que restringe inclusive o cinema nacional.
Quando pensamos em cinema, não é exatamente no audiovisual que concentramos a idéia. Afinal um vídeo, um filme, uma foto, uma apresentação de slide ou outras mídias de igual natureza podem ser vistas de muitos modos, inclusive nesta tela em que lemos estas palavras. Cinema é, a rigor, a sala de projeção coletiva. Aquela que reúne várias pessoas, que chegam ali por que querem, podem pagar ingresso ou não, mas não estão na sala de visita familiar apenas. Estão num ambiente de reunir pessoas.
Foi esta parte da cultura que se escafedeu no Brasil. Hoje, na imensa maioria das cidades não tem salas de projeção. Não existem sessões com hora marcada. Não existe, nem a distribuição dos filmes que circulam no mercado mundial. Mesmo morando em cidades como Crato, Juazeiro e Barbalha, não se chega nem aos pés da produção circulante. Agora veja quem assistir qualquer destes canais de TV a cabo que passem filmes antigos, como se encontrará neles. A maioria daqueles filmes passou em algum cinema do Crato. A maioria foi vista quando ainda morávamos no interior. Claro que da minha geração quem mora no Rio ou São Paulo ou em alguma capital teve uma amplitude maior. Mas está claro que o circuito cinematográfico mundial, especialmente as grandes bilheterias, aconteciam em Crato.
Precisamos retornar às antigas salas? Certo que não. Talvez com a introdução do lazer farto e conservado do domicílio de cada um isso não seja necessário. Mas salas bem mais simples, com outras formas de exploração poderiam perfeitamente existir, principalmente agora que todo o processo de reprodução e exibição ficou infinitamente mais simples e barato. Por exemplo, o que impede que um bar charmoso do Crato, destes que a juventude gosta de freqüentar, não tenha um simples data-show, amplificadores, caixas de som e mais uma tela para oferecer pelo menos uma sessão a cada noite. Nada impede que um sindicato, uma casa paroquial, um colégio, uma praça ou até mesmo uma casarão destes abandonados, numa movimentada rua que sirva para um cinema minimamente arrumado e com conforto, vedação luminosa e de som para que sessões possam existir nas matinês?
Uma barreira certamente é o direito autoral. Então vamos lutar por uma política de distribuição diferente da atual. O próprio governo pode estabelecer alternativas e incentivar processos descentralizados, usando até mesmo a banda larga e a abundância moderna dos correios para distribuir filmes em larga escala por todo o território nacional. Não se pode cobrar de uma salinha paroquial o mesmo que se cobra para uma Cinemark da vida, então tem que haver uma política de compensações cruzadas, na qual quem pode paga mais e quem não pode até mesmo isenção existiria, pois o cinema é uma arte que tem por destino os milhões de pessoas.
Uma coisa tenho certeza: o que não pode é o cinema ficar prisioneiro dos freqüentadores de shoppings pois aí é um público muito seletivo que naturalmente reduz a oferta cultural e a pluralidade das artes. Acho que este é parte do modelo que restringe inclusive o cinema nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário