Guardarás um poema
em teu bolso
com linhas mansas
urdidas com o silêncio
da cúpula da catedral
onde se acumulam preces
e ferrugem nas palavras
De nada servirá
espalhá-lo nas ruas
ele em mil pedaços
como as ruas
não passará de grãos
sob os pés de ligeiros passos
pés de aço que desenham
o caminhar desta cidade
Guarda o poema
antes que olhos de fogo
o queimem
que seja lambido
por uma língua áspera
e cada verso derreta-se
evapore-se
música que se acaba
na tarde que arde
desta ardilosa cidade
Afinal, para que serve um poema?
Uma dica a uma fiel sacerdotisa?
ResponderExcluirSeu texto está um luxo!
Conselho sábio.
Grande abraço.
Acrescento palmas à curiosidade deste poema porte médio com apenas 4 frases.
ResponderExcluirBeijo, Chagas.
Se esse poema de Chagas fosse escrito na horizontal, daria exatamente 4 frases longas, foi o que quis dizer.
ResponderExcluir(Achei que ficou difuso o comentário anterior. Obrigada.)
Marta, eu parto da idéia de que um poeta sempre escreve para outro poeta. Por isso que o poema talvez tenha ares de "uma dica".
ResponderExcluirGostei que você gostou.
Um beijo.