quinta-feira, 28 de maio de 2009

Élan

A poesia também é uma coisa mesquinha da vida.
Exceto quando se engasga o eunuco
com a saliva dos cânticos.

Quando escrevo poemas me somem os testículos.
Morro de medo do meu Senhor.
Sua sombra brilha e entra pelas frestas da janela.

Toma-me da mão o cachimbo de alumínio.
Grita aos meus ouvidos -
"Emagreça os tornozelos!"

As asas somente coladas nos tendões rígidos.

A poesia também é uma coisa enfadonha da vida.
Exceto quando Saci se embriaga
e quebra tudo na caverna da Cuca.

O caldeirão virado,
as relíquias de barro espatifadas.
E a bruxa perplexa sem abrir a bocarra.

"É muita coragem, neguinho,
é muita doidice..."

Pensa - completamente apaixonada.

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