quarta-feira, 17 de junho de 2009

FRIA

FRIA

Avesso esse coração
Só poesia em vão
Já não tem o que dar
Filhos a pedir
Circo e pão
Um país a construir
Em casa começa
Conversa
Uma massagem nos pés
Evolui o ser
Na carne inquieta(?!)
Minha idéia era continuar
A sós com os meus papéis

2 comentários:

  1. Quando se tem um país a construir, é impossível ao poeta ficar a sós com seus papéis. Sobretudo, o poeta a serviço da poesia, e não o contrário. Estar a serviço da poesia é não fazer da poesia um espelho. Não torná-la uma muleta para as próprias dores, exceto quando essas dores são produtos de uma consciência maior, que engloba as dores dos outros. Ser poeta é ser dotado de um certo sentido de compaixão. O mundo é maior do que nossas artrites espirituais. A poesia não pode ser um instrumento de transformação do real, mas pode e deve dununciar um mundo onde há "Filhos a pedir" e uma exuberante oferta de "Circo e pão".

    Este seu poema não é "Só poesia em vão". É uma espécie de poesia contrária ao enlevo.É por isso que é poesia da boa.

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  2. Obrigada, CHAGAS.
    Realmente o ofício não se encerra em nós, nem é por nós.

    Um bjo pão.

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