sexta-feira, 26 de junho de 2009

Os Novos Marqueses

Numa civilização de alta capacidade produtiva, em processo hierarquizado, tende a ocorrer um enorme desperdício enquanto as pessoas passam fome. Hoje o Michael Jackson morre como se fosse um membro da nossa família. E Jackso é o paradigma da produção vertical da música mundial: tinha um rancho de milhões de dólares e que gastava por ano mais de dez milhões para ser mantido, chamado Never Land. Enquanto a fantasia milionária se expandia, milhares poderiam se alimentar e possuir a terra do sempre para uma vida material necessária.

Qual o problema das grandes riquezas? É que elas consumem enorme quantidade de recursos, construída pelo trabalho e que poderia gerar progresso de um número maior de pessoas. E na psicologia social assim como gera o vitorioso, o ídolo, o ícone, também revela a inveja, o privilégio, a imputabilidade e a revolta popular. Examinem e vejam se não é o caso, por exemplo, do Senado Federal.

Um grupo de brasileiros, representantes do povo, adota uma posição hierarquicamente superior, funcionam como verdadeiros marqueses da república (anacronismo em estado bruto). Para não se ocuparem com a cozinha de sua instituição, delegam a burocratas nomeados por eles, a tarefa de manter a mordomia da corte. Um marquês tem um emprego para o neto aqui, outro facilita uma negociação ali e lá longe outro recebe um apartamento funcional para algum empregado doméstico. Resultado, o próprio marquês se torna devedor do burocrata. Inverteu o fluxo: o burocrata também é Marquês.

E poderia chegar a mais. Eles aprendem o caminho com facilidade, basta que eles mesmos controlem a mídia, para não acontecer o que aconteceu com o Zogbi e o Agaciel. O azar foi a oposição querer destruir o esquema da situação no Senado, a mídia também querendo, tudo tem curso, um escândalo atrás do outro feito rosário. Juntando a isso a revolta dos Marqueses com os burocratas que passaram a chantageá-los, o caldo está feito. Igual também, todos lembramos, na roda da Câmara dos Deputados.

Aí eu olho para as nuvens pesadas desta tarde de frente fria aqui no Rio e imagino que os capitalistas estão se comendo. Agora é a Globo com seus salários milionários olhando para os salários milionários da Petrobrás. Privilégios, tráfico de influência, juros subsidiados, chantagem jornalística, donos ricos e empresas pobres, nunca será uma prática dos Mesquitas, dos Marinhos, dos Frias, dos Civita e todos os barões desta vasta mídia regional.

E agora retornando à fila da megasena: o acúmulo para uso de pessoas é um desastre para a humanidade. Isso é apenas a transferência monetizada, pura e simples, de enorme esforço humano de quem trabalha. E este semideus, recebe o dom da divindade pela simples posse dos cifrões, agora decide onde aplicar toda esta massa simbólica de horas ou anos de esforço de um grande grupo de pessoas.

Quem sabe como um Bill Gates ainda receba as loas pelo emprego residual de recursos em prol da caridade ou de um suposto zelo pela humanidade. E assim imaginamos, se não levarmos em consideração que o software livre, solidário e coletivo, é um oposto demonstrado que não estaríamos amarrados e tanta propriedade. A assim não seria justa a pirataria? Já tem um deputado na União Européia.

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