Da Rua da saudade a saudade daquela rua
Do Largo da Rffsa, depois de constatar a impecável infra-estrutura montada para o São João Festeiro, evento promovido pela administração pública, decidi ir até a feira, já há algum tempo localizada na beira do canal, a partir do Mercado Walter Peixoto. Para chegar lá fui, inicialmente, pela Rua Almirante Alexandrino, com seus armazéns de secos e molhados e o mercado velho. Lembrei do tradicional caldo de carne com tapioca que lá degustávamos, nas madrugadinhas de domingo, depois dos bailes da vida. Dobrei na Rua Nelson Alencar, no trecho onde antes pulsava a Rua da Saudade, um nome poético para uma rua que abrigava os sonhos, as lágrimas e os sorrisos das mulheres de vida fácil (que não era fácil coisa nenhuma).
Quando criança, morador da Rua Cel. Raimundo Lobo, distante dois quarteirões dali, sempre pisava a calçada daquela rua, quando ia comprar pão na Panificadora Progresso, bem próximo dos restaurantes O Guanabara, de propriedade do lendário boêmio Neném, e Gaibu Centro, pertencente a Zé Taveira, primeiro empresário da noite cratense.
Ontem, quando pisei naquela artéria, que nunca deixou de sangrar, tive saudade de algo que nunca experimentei, mas, que, no entanto, sempre senti.
Antes de adentrar a afamada Feira do Crato, passei em frente aonde funcionava as boates Pilão e Aquários, respectivamente cada uma no seu devido tempo. Lembro um pouco da Boate Pilão, ambientada em decoração rústica, feita à base de palha. Mas, lembro bem do Aquários, onde, nas noites de domingo, juntamente com meu irmão Helano e os amigos Coquil e Bolinha, ia extravasar a libido característica da puberdade. Tomávamos um trago de bebida e íamos, cheios de artificial coragem, tentar arrumar namorada. No mínimo, éramos contemplados com uma dança ao som romântico de Roberto Carlos, quando aproveitávamos para um esfregão mais demorado, que, na época, chamava-se de “pinada”.
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