Passeio Sentimental pelas ruas do Crato (V)

A música do centro da cidade

Prossegui o meu passeio, saindo da feira e em busca do centro da cidade. Passei na loja de Amilton, que vende CDs e DVDs, além de receber pagamento de títulos e contas. Mas, além de vender discos, Amilton é uma pessoa cuja decência nos torna cativa do seu convívio.

Lembrei, então, das lojas de discos que existiam nas imediações, há mais de trinta anos, como as Lojas Primo, O Rouxinol, Nazareno e Discosom.

Naquela época reinavam, soberanos, o disco de vinil (compacto e Long Playing) e a fita cassete. Eram produtos caros e considerados supérfluos. Portanto, ouvia-se música, principalmente, no rádio.

O Crato tinha duas emissoras de rádio (que ainda existem): Rádio Educadora do Cariri e Rádio Araripe do Crato. Nas tardes de domingo, um programa era líder de audiência: a Paradinha 1020, transmitida pela Rádio Educadora e apresentada por Evandro Bezerra, desfilando as vinte músicas mais tocadas da semana. Lembro de alguns dos hits daquele tempo: Bilú Tetéia, farofa-fá-fá, Emanuela (versão de uma canção italiana), Homem com H e a minha preferida, Nuvem Passageira, de Hermes Aquino, cuja letra era mais ou menos assim:

Eu sou nuvem passageira que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito que se quebra quando cai
Não adianta escrever seu nome numa pedra
Pois essa pedra em pó vai se transformar
Sou um castelo de cartas frágil como o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar