Mané do oito,
Chapeado pela prefeitura,
Como um atlas da fome,
Carregou o Crato em sua cabeça.
Canadas de aguardente,
Fornalha destilada de seu bafo embriagado,
No pergaminho de sua pele azinhavrada,
Aquela maresia por marcha.
E espetou minha alma com grampos de aço,
Teu parco momento por uma canção,
Uma oferta para o gemelar desfeito,
Uma parte que nem lembra qual.
Escreva: esta música é uma oferta,
Mané do Oito nem sabe de quem,
Mas lembra dela, era ela,
Uma gema brilhante que o turva.
Uma oferta para.....
Aquela, ela, precisa como é,
A baba é o sumo que escorre do fruto do esquecimento,
Fruto, flor, galhos caídos.
Mané do Oito quanta cachaça,
Espedaça nossas vidas, tragadas,
Nem um tostão para chupar um limão,
Apenas esta cuspida de arripunar futuro.
José do Vale,
ResponderExcluirQuando leio textos como esse
Não posso deixar de "imiscuir-se" nele
Pois é um retrato do nosso Crato
Revelado na memória
Preservado na meritória pena dos poetas
Hoje passei na rua dos armazéns
Onde os chapeados esperavam as cargas
E faziam a descarga com a força da veia do pescoço
carregando a cidade na cabeça
Mané do oito ou Noventa
Homens fortes de pescoço grosso
De cervical imponente ou cachaço forte
No caso de Mané Oito
Guarnecido de lapadas de cachaça