Cenas 1 e 2
Recebi pela internet. Tipo pegadinha. Um repórter se passando por cego se aproxima de uma ambulante e pergunta o preço de algo que deseja comer. A mulher responde dizendo que o preço é R$ 1,00. O suposto cego pega uma nota de R$ 50,00 e como se estivesse enganado diz só ter uma nota de R$ 10,00 e pergunta se ela tem troco. A mulher pega a nota de R$ 50,00 para pagar R$ 1,00 e dar o troco de R$ 9,00. O cego confere com ela que de fato deu uma nota de R$ 10, 00 e que o troco está certo. Ela confirma com convicção.A cena seguinte é o mesmo repórter, sem o disfarce de cego, retornando para entrevistar a ambulante e pergunta o que ela acha da corrupção no Brasil. Ela repete tudo que o diz a mídia, acusa políticos e partidos. Aí ele começa a desvendar a farsa e imediatamente ela mente: diz que estava procurando o cego para dar o troco certo. Aguardemos.
Cena 3
Uma reportagem sobre assaltos seguidos de morte em São Paulo. A mãe de um jovem brutalmente assassinado em situação como esta diz: é muito difícil. Não sei o que fazer. Era um rapaz tão especial, um bom coração, trabalhador, respeitador. A matéria assustadora termina e passa para o apresentador do Bom Dia Brasil: é esta questão não ocorre apenas em São Paulo, mas em todas as grandes cidades brasileiras.Cenas 4 e 5
O jornal o Estado de São Paulo, pegou gravações feitas pela Polícia Federal num processo secreto e divulgou-as por escrito e por áudio através das redes de televisão e rádio. Tratava-se de acertos entre o Senador Sarney, seu filho Fernando Sarney e a neta sobre um emprego no senado através de ato secreto. Prova: Sarney é responsável por atos secreto.Em seguida o senador líder do PSDB, Artur Virgílio Neto vem a público pedir a cabeça de Sarney. A cabeça deste grande responsável por todas as falcatruas do senado e, por tabela, aquele enxovalha a política nacional.
"Semiótica" das cenas
Condenemos os que foram achados em falta para que não se mude o comezinho do dia-a-dia. Nas cenas primeiras o ato escondido e imoral se justifica com uma desculpa de um erro que não pode ser provado. Quem poderá negar que ela não pretendia corrigir o “erro” do ceguinho (clássica transferência).
A cultura geral, especialmente feita pela mídia em luta de interesses, se justifica, pois se denuncia os faltosos não o método cultural da falta. Por isso, no caso da mulher os políticos são corruptos, mas não ela. O outro dado é a tomada da parte pelo todo (feito pela mídia com a entrevista da mãe). Ora a questão é o assassinato e não o fato da pessoa ter bom comportamento ou não. Se for para valer, ninguém deve matar o outro, nem na guerra. Um dado é que agora a matéria sobre São Paulo não condena apenas o estado com fazia a Globo com o Rio de Janeiro dos tempos de Brizola.
Agora sobre a matéria de Sarney. A questão é Sarney ou o Patrimonialismo? Alguém tem lembrança de ter assistido tão vasto assunto sobre patrimonialismo. A frase de Fernando Sarney dizendo que o cargo é “nosso” não é um texto solto, todo mundo repete isso nos partidos e nos governos. Artur Virgílio Neto, não é neto a toa, pois é filho de autoridades do poder judiciário e político. Jamais passará pela cabeça dele algo assemelhado à democracia popular, em que tivesse de disputar em pé de igualdade com um João Ninguém. Os jatinhos de Tasso e Antonio Carlos Magalhães Filho apenas se justificam no patrimonialismo.
E antes que alguém pense que o patrimonialismo é simplesmente um assunto da esfera pública ou estatal, não esqueça que o mesmo é amplo e vasto nas organizações sociais e nas grandes empresas privadas.
Zé
ResponderExcluirComo não entro no fla x flu Lula/Fernando Henrique me sinto à vontade para comentar seu post. Concordo que é irritante essa moralidade dúbia do brasileiro que reclama da corrupção mas que provavelmente faria pior se tivesse oportunidade. Entretanto sou completamente favorável ao desmonte dessa política oligárguca muito bem representada por Sarney e seus hábitos. È civilizado repremir nosso hábito voraz de tirar vantegem de tudo (eles são tão ricos, porque não dão emprego p´ros parentes em suas empresas) A "casagrandização" do espaço público precisa acabar. E Lula, embora tenha interesse pessoal em jogo,perde muito em lembrar da biografia para abonar os "pequenos" deslizes do marimbondo de fogo.
Maurício estamos de acordo. Especialmente na questão da não seletividade, nem FHC ou Lula. Sobretudo ampliar o debate e chegar à questão, uma delas esta matriz cultural, que alguns identificam como elite patrimonialista. Afinal como se vê è um passo necessário. Outro dia estava bordando uma tese: um dos problemas atuais é que muita gente está subindo na escala social e quando chegam não têm a "ética da máfia", em que o perdedor não chia para depois levar o seu. Agora com tanta gente nova ficando rico, ninguém vai suportar que o Neudo ganhe uma obra e eu não. Então parte da exposição é consequência não apenas da melhoria dos controles, mas da briga pelo butim. Quem sabe estejamos na superação das velhas práticas? E nós temos o dever de nos mantermos em "compreensão".
ResponderExcluirÉ isso aí. Parabéns pelo texto e aos dois pelos comentários.
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