quarta-feira, 22 de julho de 2009

POEMA DE AMOR DE UM POETA FRIO

Eu que da placenta das quimeras
Arranquei meu sonho mais realista
E de lá, feito um pássaro ligeiro
Saiu você, nívea feito à nuvem,
Púrpura feito o entardecer,
Quente, de olhos negros
Feitos meus pensamentos mais tenebrosos

Nasce do pântano das minhas dores
Do balsamo das minhas ilusões
Dos delírios das minhas chagas
Achas neste pântano de fuligens
Uma alma tristonha, mas um coração em flores

Achas um rosto trigueiro e frio
Mas que não reflete em sua tez
A altivez do meu próprio brio
Pois amor surge em mim como bálsamo,
Uma gota de cada vez.

Imagem: Andre Ulysses de Salis

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