segunda-feira, 6 de julho de 2009

A TRINCHEIRA DA GUERRA LÓGICA-IDEOLÓGICA QUIXOTESCA



CARO IRMÃO (Ã)

Espero que essa carta chega na trincheira onde a dor se encontra. Eu não quero lhe persuadir. Você está numa guerra mental do inconsciente coletivo (Jung) – quixotesca! - e pouco posso fazer por você. Só cabe a mim escrever e colaborar. Não me leve a mal só quero ajudar. Só quero lhe fazer compreender. Fiquei sabendo da sua participação. O convite foi feito de modo muito sutil e você atendeu à convocação. Partiu sem perceber a real situação. Assim como você muitos foram e também não voltaram. Perderam a noção do caminho de volta. Perderam a sensibilidade da condição de ser humano livre e feliz.

A guerra em que você se meteu não está sendo realizada à luz do dia da verdade. É uma guerra subliminar na escuridão da visão racional. Por isso, ela se realiza num espaço de uma dimensão da inconsciência de si. Fico olhando as trincheiras ocupadas por soldados vestidos com o uniforme da competição. Esse uniforme é cinza escuro e manchado de vermelho (sangue!). Ele tem estampado na altura do peito o símbolo da destruição.

Vejo a poeira subindo nas trincheiras superlotadas de soldados-professores-alunos-funcionários. O calor é intenso e o inimigo se esconde na confusão. Cada um procura se enquadrar numa ordem estabelecida que define a estratégia do confronto. O inimigo é parte de um esquema organizado e estruturado segundo as leis da razão. Por isso, a guerra tem uma lógica ideológica que precisa de muita sistematização. Os comandantes da guerra estudam essa lógica e depois reunidos num grande salão escolhem as Ações.

Os soldados nas trincheiras apenas cumprem incontinente as Ações. Por isso, meu prezado irmão (ã) é com muita dor que escrevo com amor. Retorne imediatamente ao mundo sem guerra. O inimigo que tanto busca combater é a sua própria projeção lógica. Não existe de fato nenhum inimigo. Não existe com quem concorrer e lutar. O que existe é uma ordem humana que inventou um estado, um modo de viver, um modo falso de ser. Não precisa seguir automaticamente em direção à trincheira da sobrevivência sem consciência. Não precisa atacar. Toda vez que você ganha de alguém perde a chance de "morrer" para si.

A vida não é uma guerra. E nem você é um soldado. Muitos lhe ensinaram a marchar, mas poucos sabem de fato caminhar. O caminhar é livre, o marchar é orquestrado. Muitos são repetidores; poucos são mestres de verdade. Posso ver você marchando em direção ao posto de frente na trincheira do combate. Lá você bate continência ao capitão do posto e em seguida segue para a linha de ataque. Os mapas do combate lhe são passados. São inúmeros relatórios, dados, pesquisas, memorandos, cartas, ideologias, etc. Todos eles são analisados para possibilitar a posição real do inimigo. Mas, o inimigo não é um alvo estático, mas lógico. Nesse sentido, todo cuidado deve ser lógico. Todas as previsões terão que ser lógicas. Todos os fundamentos terão que ser lógicos. Você e seus companheiros terão que ser lógicos. A vida e tudo mais que lhe cerca será lógica também.

O mundo se torna um fenômeno lógico. A lógica fica cada vez mais lógica. O meio ambiente fica lógico. A imaginação se impregna de lógica. E a verdade se torna finalmente lógica. Como sair dessa guerra insensível e absurda que mata de miséria, de doença, de fome, de exclusão, de solidão, milhões de indivíduos que não sabem usar o seu poder lógico. Vence aquele que tem mais lógica? Ganha aquele que persuade ou mente logicamente? A vida se resume em ser ou não-ser lógico? Pense: a Verdade não está na lógica da razão, mas na ilógica do coração. Então sinta ao invés de pensar. Pois segundo EINSTEIN: “Penso 99 vezes e nada descubro. Paro de pensar. E eis que a verdade se revela.

Um comentário:

  1. Impossível levar a mal, Bernardo.Tem ajudado a construir o edifício...

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