domingo, 30 de agosto de 2009

APROFUNDAMENTOS

"Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!"
(Fernando Pessoa, 1888 – 1935)

E sobre a terra estão tantas casas...
fora delas, tudo o que nelas se reduz.
Dentro, nessa longa viagem, perdemos muito.
A extensão da terra avança desde o nosso passado
criando maneiras diversas de amar.
Sim. Precisamos amar.
A terra abraça a história, engole a arquitetura e guarda
os segredos dos povos.
Sentir-se pronto a ser parte desse mundo aterrado
é comum aos que caminham muito,
porém antes vem o amor. Certamente.
Bem antes, ama-se muito.
As catedrais por aí
tocam nossa religião à casa parada
com grandes chaves e correntes.
Na terra é-se imenso e cheio de vida
e nunca se está farto. Viver é desdobrar-se
em cada dia.
Na casa onde se vive somente porque a vida passa
a memória é curta
e as lições se repetem, bem reduzidas,
à medida do que há por fora
e não são notadas.
O passado vive crescendo a cada dia
e está lá
bem guardado no escuro do tempo
uma sede imensa de descobertas
que o hábito de não pensar e a comodidade
ocultaram mais.
“Deus quis que a terra fosse toda uma...”
e descobri-la é mais que um desejo,
é sê-la própria
e nunca morrer.
(Francisco de Freitas Leite. In: Ave, sertão!)

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