quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Atos

Sou guardião do meu nariz.
Por sinal, um nariz leptorrino.
Digno dos senhores de engenho.

Tenho as mãos compridas
e os dedos ossudos.

Quando abro a direita
um navio pirata
desfralda-se na palma.

Na esquerda
vejo uma montanha difusa
perdida entre nuvens.

De todas as mentiras
ainda reina uma nódoa branca
na única unha que não cresce.

Meu pecado mortal.

A porta do desconhecido
sempre aberta.

Meu nariz leptorrino
está mais para mulato.

Um mulato barroco.
Dúbio.

Mas permaneço guardião
das duas cavernas escuras.

Às vezes mexo nelas
e tiro sangue

da noite passada.

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