Para Dihelson Mendonça
A imprensa do mundo inteiro noticiou a morte do aclamado Lester William Polfus cujo nome artístico é Les Paul. Rasgados elogios lhe foram prestados. Inalteceu-se-lhe as qualidades de um músico e desenhista dos mais brilhantes da escola americana. Teve-se o cuidado de anunciá-lo como um dos fundadores da guitarra elétrica de corpo sólido, lá pelos idos de 1950. Achei correta a lembrança, pelo fato de que nós temos, no Brasil, um nordestino do Rio Grande do Norte, tido como inventor do protótipo da guitarra elétrica, ou seja, o violão elétrico. Seu nome: Henrique Brito.
A imprensa do mundo inteiro noticiou a morte do aclamado Lester William Polfus cujo nome artístico é Les Paul. Rasgados elogios lhe foram prestados. Inalteceu-se-lhe as qualidades de um músico e desenhista dos mais brilhantes da escola americana. Teve-se o cuidado de anunciá-lo como um dos fundadores da guitarra elétrica de corpo sólido, lá pelos idos de 1950. Achei correta a lembrança, pelo fato de que nós temos, no Brasil, um nordestino do Rio Grande do Norte, tido como inventor do protótipo da guitarra elétrica, ou seja, o violão elétrico. Seu nome: Henrique Brito.
Consta que, ainda menino, deixara o governador do estado boquiaberto, pelo seu virtuosismo demonstrado ao violão, após participar de um concerto no Teatro Carlos Gomes, em Natal, por volta de 1920. Não era muito afeito aos estudos escolares. O seu fraco era sair por aí, pelos quatro cantos da cidade, abraçado ao seu instrumento, tocando e encantando, o que lhe valeu o apelido justamente de Violão.
Consta que era por demais inquieto, num corpo moreno, forte, troncudo, e falava numa rapidez de deixar-se quase incompreensível aos ouvidos de seus interlocutores.
Muitas e muitas histórias desse menino travesso, e em adulto grande músico, Henrique Brito.
Uma delas é interessante.
Uma delas é interessante.
Ocorreu em 1932. Henrique Brito, com idade de 24 anos, fazia parte de uma banda chamada “Brasilian Olimpic Band”. Tal banda fora criada para participar dos jogos olímpicos, naquele ano, em Los Angeles.
Quando da volta da caravana brasileira, Henrique Brito, querendo permanecer nos Estados Unidos, inventou que esquecera seu violão. O navio partiu sem ele. Ficou por lá por um ano, e não se sabe como ele se arranjou, pois além de burlar a severa lei americana, não entendia nada da língua de tio Sam. Ainda hoje esta façanha está carregada de mistérios!
Diz-se que o excêntrico Henrique Brito sempre se mostrou insatisfeito com o baixo som dos violões, e foi por ocasião da introdução do cinema falado no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1930, que teve a idéia de adaptar o instrumento a um amplificador. Ele fazia parte do conjunto “O Bando de Tangarás”, ao lado de Noel Rosa, Braguinha e Almirante. Mas ninguém se importou com tamanha invencionice, principalmente vindo de quem vinha.
Pois bem, por ocasião de sua estada na América, dois anos depois, Henrique Brito mostrou sua idéia para um fabricante de instrumentos musicais, em São Francisco. Encheu-se de felicidade o nosso potiguar ao ver seu invento dar certo. O que ele recebeu em troca ? Claro, um violão elétrico do fabricante. E este o que ganhou ? Nada menos do que a patente do invento desse bom músico brasileiro, tão assemelhado a tantos excelentes músicos, poetas e seresteiros que “não” se amarram “em dinheiro não, mas os mistérios”... da música e a felicidade de tocá-la.
Conclui assim, sobre esse episódio, o compositor, cantor e escritor Almirante:
“Indiferente a todo e qualquer lucro pecuniário, Henrique Brito, longe de reivindicar a paternidade do invento, mostrou-se exultante pelo simples fato de possuir o sonhado instrumento de grande volume”.
Adaptado de “No tempo de Noel Rosa”, de Henrique Foréis Domingues – Almirante.
Postado originalmente por Prof. Zé Nilton no blogue Cariricaturas.
Postado originalmente por Prof. Zé Nilton no blogue Cariricaturas.
Professor e Amigo José Nilton,
ResponderExcluirObrigado pela dedicatória tão carinhosa deste artigo, que "con su permiso", o transportarei também ao Blog do Crato, para que outros possam ler sobre esta curiosidade. Na verdade, quando Les paul morreu, eu lhe fiz uma homenagem.
Tive o privilégio de assisti-lo em Nova York, onde tocava toda semana incondicionalmente. O local ficou famosíssimo, afinal, quem não queria conhecer o autor da famosa Gibson les paul, uma das melhores guitarras já inventadas ?
Sobre o Henrique Brito eu não conhecia, e foi um achado muito importante. Diz a lenda também que a guiarra também teria sido invetada na Bahia, mas por outro pessoal, como a própria música do Caetano Veloso, se não me engano, fala.
De qualquer modo, a guitarra elétrica está muito bem inventada, em seus diversos modelos, embora eu prefira a guitarra de jazz, que tem o som aveludado como comer um pão de queijo. Como ouvir Joe Pass, como ouvir Toninho Horta, como ouvir Cleivan Paiva.
Um grande abraço a todos.
Muito obrigado.
Dihelson Mendonça