sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O rádio na era digital, o Manoel e o Maurício Tavares

Manoel, simplesmente Manoel sem sobrenome, disse nos comentários a uma postagem do Maurício Tavares: “carai, num entendi porra nenhuma. só tem intelectual mesmo. é muita prepotência.” E o quê o Manoel não entendeu?

O texto em inglês? A tradução que fez do texto? O fato de só ter intelectual no Cariricult? Ou a atribuível prepotência dos intelectuais?

Na primeira opção o Manoel, que usa computador, pode fazer o quê o Maurício se recusou: uma tradução “macarrônica” usando o Google por exemplo. Como o Inglês é uma língua banal e usada no comércio mundial, a segunda ou terceira língua mais falada na humanidade, não poderia ser isso que o Manoel chamou de intelectual ou de prepotência (no máximo poderia ser preguiça intelectual do Manoel).

O conteúdo do texto é efetivamente uma linguagem técnica muito menos de comunicação do quê de marketing deste novo negócio. Como fazer as perguntas corretas neste momento. Se você tem a possibilidade de implantar uma rádio digital quais as possibilidades dela acontecer? Ora o Manoel não teria dificuldade de entender esse conteúdo no texto traduzido, mesmo com aquelas frases horríveis dos tradutores automáticos.

Quanto ao fato de só ter intelectual no Cariricult aí estamos tratando dos parâmetros do Manoel e fica difícil dialogar com ele. Ou melhor, sem saber exatamente quais são estes parâmetros para que possamos trocar idéias. Que, aliás, é a grande vantagem dos blogs e destas novas opções ligeiras da internet. Não ficar irritado quando não entender, não chutar a canela, levantar a tua questão. Em ambiente de questionamento não existem questões maiores ou menores. Existem grosserias e irritações, mas isso também passa.

Bem, Manoel, a prepotência é algo interessante. Ela guarda relação com o poder, com a onipotência que os crentes atribuem muito positivamente a Deus. E convenhamos o Poder nem em Deus é absoluto. Embora muitos não achem, a verdade é que o Deus bíblico só existe a partir da criação do mundo, pelo menos na narrativa da Bíblia. Ou seja, o poder dele apenas existe em razão das criaturas. Igualmente nossos intelectuais apenas têm poder em razão da nossa ignorância.

Agora voltando ao texto que o Maurício postou. Exatamente na tua queixa se encontra a era digital: quem hoje escreve, ou faz uma programação de um rádio ou televisão tem do outro lado um público com infinitas opções digitais. Agora não se trata de um ou três emissores de mensagens, mas de milhares inclusive com retorno interativo das mesmas. É o que se resume como “oportunidades baseada num modelo centrado no consumidor” ao invés do antigo modelo centrado no “transmissor”.

Sem querer esticar minha corda acho que voltamos ao problema da mensagem. Na minha opinião a questão se volta para as velhas escolas de comunicação. O mais dramático é que no Brasil os cursos de Jornalismo perderam parte do seu normativo profissional. Quem pretender ser apenas intuitivo vai sofrer muito, os textos, as escolas, as universidades têm um enorme acervo sobre esta necessária questão: a inversão do papel do receptor da mensagem no modelo de negócio da empresas de rádio na era digital. (E Manoel, esta simplicidade “emissor” e “receptor” passa por grandes revisões e todos entendem que o modelo em comunicação é muito mais complexo).

Como pretendo ter juízo: acho que o Manoel não deve ficar tão irritado com o Maurício. Só um pouco pelo texto não traduzido, mas nós temos no Cariricult o Maurício que conhece exatamente este acervo. Ao invés de dar-lhe pedradas vamos seduzi-lo a abrir este debate aqui.

2 comentários:

  1. Muito bom seu comentário.Como algumas pessoas tentaram acabar o blog usando diversas desculpas, ou o enterrando antes do tempo, achei por bem brincar um pouco com Manoel "o audaz".Essa divisão do mundo entre conhecimento ("intelectuais") e sensibilidade ("poetas") é muito primária e chata. Talvez "Manoel" (uma rima? uma solução?) tenha se irritado com o comentário de Darlan. Mas mesmo, na dúvida, assim acabei respondendo. Vomo vc bem assinalou o texto aponta para o fim da hegemonia da grande mídia e para uma série de novas possibilidades para quem já foi anarquista, como eu,desenvolver nesse novo quadro midiático. E acho que o paternalismo, com que algumas pessoas gostariam de sere tratados, é tão nefasto quanto às velhas práticas patriarcais. Sobre o assunto sugiro a leitura de "Mídia Radical" de John Dowening , ed. SENAC

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  2. Ligeira sugestão de sobrenome: Manoel Celeuma.

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