
por Temístocles de Castro e Silva
Confesso aos senhores que, analisando o tal bate-boca entre os senadores Renan Calheiros e Tasso Jereissati, não encontrei razão para o ex-governador ir à tribuna pedir desculpas, nem pela postura, nem pelo que disse. Ao contrário, diante do insulto recebido, sua reação poderia ter sido outra, ferindo os princípios da educação recebida do berço. O senador Calheiros, sim, é que deveria ter ido desculpar-se de sua conduta, fazendo da tribuna do Senado uma espécie de cabaré, onde são comuns os termos de baixo nível ou mesmo indecentes.
Três vezes governador do Estado, nunca se teve notícia de qualquer explosão verbal de Tasso Jereissati. Isso não existe entre os seus defeitos como cidadão e homem público. Sob esse aspecto, é a figura do pai, que conheci bem. Era incapaz de uma grosseria com alguém.
Não conheço o senador Renan Calheiros. Seu comportamento como presidente do Senado, fazendo de seu gabinete local para encontros amorosos, e o termo que usou na discussão com o senador cearense, dizem tudo.
Pedir desculpas por quê? Porque reagiu a um insulto baixo? O senador Tasso só deveria pedir desculpas se não tivesse reagido, principalmente porque quem o insultou não tem condições morais para fazê-lo. Renan Calheiros foi simplesmente enxotado da cadeira de presidente do Senado, só escapando da cassação do mandato porque a ela renunciou. E o pior é que, graças a Lula, um ano e pouco depois o homem expulso da presidência do Senado volta como líder da tal “base aliada” do governo, tentando atingir quem foi governador de seu Estado três vezes sem que ninguém, até hoje, tentasse atingir-lhe a dignidade pessoal e política.
Tasso não é “coronel” no sentido pejorativo que Renan deu à palavra. Ele é apenas um líder autêntico, sem filhos por fora e sem propinas de empreiteiras, e que ainda hoje dispõe de força moral e eleitoral para ser governador pela quarta vez ou senador pela reeleição.
Quem vos fala foi adversário de Tasso desde sua primeira eleição. Sofri nos seus governos, com a redução de meu salário, mas a Justiça reparou os equívocos legais de sua área jurídica. Isso, todavia, não me leva à insensatez de negar o valor pessoal e político do senador Jereissati, principalmente se consideradas as condições morais de quem pretendeu atingí-lo.
Fonte: jornal O POVO, 16-08-2009
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