Os filhos da puta do mundo reinventam o evangelho. E curtem lombras homéricas em lanchas de nem sei quantos pés. Os caras da lei me apalpam os culhões, enquanto me mostram que são eles que mandam – e meu rosto refletido nas lentes de um falso Rayban tem um quê de desespero silencioso, uma raiva crescente, eu e os outros do mesmo coletivo de merda.
O mundo é um lugar bacana pros que tem garra e sangue no olho. Pros que destroem o céu para poder curtir com uma ou duas putas de trezentos paus a hora. Pra eles, as ruas são mais largas e o ar não tem o mesmo chumbo que respiro – chumbo grosso, calibre 12; fim de madrugada; dióxido de carbono e outdoors mentirosos em meu caminho de retorno pra casa, o mesmo silêncio brutal das horas mortas, a janta e a sopa.
Poesia serve pra quê quando sacamos que nossos filhos estão metidos em enrascadas próprias. Pequenas dores para esses pequenos seres. Cedo demais para isso, pergunto. E o carrilhão de velhas lembranças fodidas vem à tona. E me mostra que preciso ter um pouco da raiva dos comuns. Que a poesia não salvará nossas almas quando rolar o tal juízo final. O dilúvio ácido. A bomba atômica. Que irá tornar nosso último dia vermelho, e manterá os prédios e fábricas intactos, varrendo a inutilidade dos homens com suas nóias sem explicação freudiana. Ele e seus charutos fálicos que deviam estar socados em outro lugar.
É preciso um pouco de sangue na retina. Coagulada e fervente. Uma raiva para permanecer à tona, para manter o olhar acima da multidão de tontos engravatados, de professores peidões, de garotas siliconadas. O mundo é cão “mai frend”. Já dizia um antigo chef meu. E ele tava certo.
Tava com saudades de você "mai frende"!
ResponderExcluirPorrada pra gente acordar!
Legal vc ter voltado, estamos sentido sua falta e do Lupeu com aquele texto cortante, ácido , sem meias palavras. Bem-vindo ao covil!
ResponderExcluirPôrra, chef, quanto tempo, tava com saudade. Seu prato de hoje veio apimentado, eu que sou baiana e também uso um Raibon, adorei.Mande mais.
ResponderExcluirAbraços de dendê.
big head
ResponderExcluirporrada certeira nos ovos!
mui bueno, mui ácido,
mui cinema ao vivo
pros que ainda estão.
hasta
siempre.
Ira e tédio
ResponderExcluirque me confortam.
Um forte abraço.
Literatura "marginal" autêntica & prime & qualquer outras coisas & cositas é isso: Gustavo Rios navegando...
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