terça-feira, 1 de setembro de 2009

ACIDENTES

Por José do Vale Pinheiro
No dicionário existe uma palavra “assidente”, adjetivo de dois gêneros que geralmente é usado para identificar sintomas que acompanham doenças. Este homônimo para a palavra “acidente” é grafado como erro em muitas postagens na internet, basta pesquisar o Google. Mas não é bem a esta confusão que me refiro: é de acidente cujo significado etimológico é “aquilo que sucede”, “acontecimento”. Acontece que para a maioria das pessoas o acidente é um leque de opções sobre o acontecido.

É como se as acepções deste substantivo quase que qualificasse o acontecido. Podemos utilizá-lo como uma acontecer inesperado ou desde algo que leva a perda, lesão e morte até como mero pormenor como se utiliza, por exemplo, na frase: "esta mancha é apenas um acidente na peça". De qualquer modo é no sentido de acontecimento desagradável ou infeliz que o tema nos cabe hoje.

Mesmo quando muitos se sentem prisioneiros do destino, uma parte importante das pessoas sempre imagina a prevenção dos danos. Faz parte da natureza da inteligência humana esta tomada de consciência e tentativa de agir sobre os acontecimentos infelizes. Qualquer aplicação de crítica sobre o processo geral da vida, em sentido econômico, cultural e social é detentor do poder de prevenir danos.

Os acidentes fatais em automotores é uma das principais causas de mortes entre jovens e idosos. Quem desejar aprofundar uma matéria jornalística sobre este fato, basta entrevistar um neurocirurgião da região e ele demonstrará o horror da introdução das motocicletas no transporte de pessoas. O álcool e a direção, a volúpia do poder e da velocidade que um automóvel de belo design clama; a manutenção das máquinas, das vias públicas e a grande ausência da autoridade pública nos percursos mais movimentados.

Mas existem grandes outras coisas como as armas de fogo com as quais pensam se proteger, geralmente destruindo a si e aos outros. Os erros técnicos de toda natureza: na engenharia civil, na medicina, na segurança pública, na política de renda etc. Os danos na cultura consumista são enormes: tabagismo, sedentarismo, alimentação, drogas, álcool, entre outros.

Das grandes desgraças, entre as guerras dos últimos séculos, a grande crise de danos ocorreu na urbanização forçada de enormes contingentes da população. A miséria como imagem nas grandes aglomerações precárias em todas as cidades do mundo. Na mesma senda deste grande movimento de transformação e desalojamento de grandes populações temos as fronteiras de desenvolvimento nas franjas das florestas tropicais, das ilhas, lagos, mares e geleiras.

A situação geral de danos é tal que a fragilidade dos arranjos se mostra a cada notícia. Toda vez que chega o verão no hemisfério norte os incêndios incontroláveis demonstram a instabilidade das aglomerações urbanas vis-a-vis as matas remanescentes. A cada temporal pessoas mortas, secas que migram enormes contingentes humanos.

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