sábado, 3 de outubro de 2009
NÃO VIDE BULA (Em: Curta Versagem, de Francisco de Freitas Leite)
NÃO VIDE BULA
Não morra de saudades!
Recomendou-me o médico.
Ao Abunã faltam só três léguas,
daí, ao Pando, um passeio de catraia.
Respire outros costumes, fará bem.
Haveria mais razão se, como o apurinã,
morresse de gripe.
Saudade não.
Tome açaí e continue com a poesia
ou a prosa, você escolhe.
Na feirinha, encontra-se câmera fotográfica
de duzentos, duzentos e vinte,
lembre a você que ainda existe a vaidade.
Calma...
Se nada der certo, ainda
pode-se namorar as moças da vila
ou tomar, sem variar, o tacacá da esquina.
Parece mentira, mas
água de igarapé não lhe fará bem
(os mistérios acentuam as saudades).
Passeio de circular,
compras na galeria pode.
Guaraná e cacau nem pensar.
Ou, se preferir, pode também pegar malária,
só não fale de saudade.
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