terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Sertão é marcado a Ferro em nomes e sobrenomes...Marcar os Bois!Wilson Bernardo.

NO BERRO DA VACA PARIDA A CONTINUIDADE DAS FAMÍLIAS...
OS BOIS A FERRO EM FAMÍLIA.
Marcar o boi a ferro é construir
Uma geração de sertão mouro.
Mourões!
A lenda na brasa a esquentar
O brasão a ferro.
Celtas famílias de tantos rincões
Ferreiras
Inhamus
Feitosa dos agrestes senhores
Chapadões conscientes das velhas formações.
Terra das conquistas
Lutas imemoriais das intendências
Mata adentro o povoamento das cercanias.
No berro da vaca parida
A continuidade das famílias.
Tribos no ferro a fogo
Conquistadores dos limites latifúndios.
Terra absorta além dos mares do Equador
O povoamento prenuncia a coorte
Afros ibéricos línguas portugais.
FACAS VERBAIS AGRESTES.
As facas verbalizam oralidades de normas
Num foiçado de corte.
As palavras confessadas em demarcar
Honras o couro que estica o bailado
Angustiante das mortes.
Ceifados os bois comungam fardos,
Os homens a carne.
Senhores conselheiros de clãs
A fartura do couro nos sertões messiânicos
Benditos e cantares profanados.
Andarilhos retirantes nômades catingados
O escaldante sol a pino em pleno aboio
Imagináveis visões de um mirante espumado.
O sal dos mares a perder de vista a sede dos alagados
Invernos
Açudes
Sangria destemida dos grandes rios estiados.
Farinha d’água!
A fome comungada em cada pedaço de mandioca
O pão e a água que não mais sorrir sobreviventes
Dos velhos tempos imaginados
Das concubinas vacas magras.
Wilson Bernardo(Poemas & Fotografias)

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