Ultimamente deram para perguntar-me algumas coisas. Acho graça. Depois que comprei duas camisas novas passaram a me dar mais atenção. Chego em alguns lugares que até notam minha existência. Também há o fato de engordar seis quilos. Isso muda muito a percepção das pessoas a respeito de você. É como seu eu emergisse da minha magreza sepulcral e acendesse a sua estética de homens romanos. Eu acho graça dessas coisas. Você passa e recebe de súbito o elogio tolo:
- Nossa. Como você está bem. Está mais forte.
A vontade controlada – controlada, por isso que sou um canalha, pois não era para por freios em certas vontades – e imperceptível de dizer-lhes:
- Estou em tornando o mesmo porco que vocês. Vê como me esforço?
Mas não, o canalha aqui ainda tem lá sua educação contaminada pela agradabilidade. É nisso que se resume a nossa educação. A agradabilidade. Você tem que ser sobretudo agradável, não dar vexames, não falar alto, beber moderadamente. Moderadamente uma merda! Que se dane essa educação caduca. Aqui, nesta cidade de pessoas “agradáveis” tudo é feito com esse ar de porcelana chinesa. As meninas são assim, de porcelana com seu ar de complacência com aquela beleza mortal. Haaa como aquela beleza tola judia comigo. Judia porque eu não posso tê-las sem me submeter aqueles trejeitos horríveis. Judia porque ela não vai sair daquele fosso de lama regado a whisky. Onde quer que você vá não tem como não de deparar com essa beleza de porcelana. Mas o mal está aí. Você já viu uma parede branca com manchas de merda? Não lembro que documentário que eu vi em que alguns presos políticos faziam isso. Manchavam as paredes de merda. É assim que vejo as porcelanas. Aquela coisa linda manchada de merda. É a merda da futilidade, da tolice, da ignorância. Ainda tem essa. Você tem que ser um educado calado. É assim que eles me querem, calado, mudo, com aquele ar de lord inglês, a mesma valsa maldita de trejeitos. A educação não está para o encontro do homem, muito menos para a busca da verdade. Está para o ensaio do trejeito hipócrita-social. Haa mas isso é que é ascensão. O budismo é uma tolice, a filosofia é um peido para essa gente! Um peido fedidíssimo! Você tem que ascender, sair do vestíbulo do mal vestido para a glória suprema do bem vestido. Sair da ante-sala do rum para a glória do whisky. Aí sua mãe lhe diz:
- Meu filho, fale baixo. Você me mata de vergonha.
Aí sua professora lhe diz:
- Não fale assim de modo grosseiro. Isso é feio.
A grosseria sua tola! É muitas vezes a única saída para idiotas como vocês serem tocadas! A grosseria é um berrante em sua direção cuspindo estas palavras:- Eu sou o caminho a verdade e vida!
Tolice é achar que essa gente vai entender alguma coisa como essa. Não há a mais remota possibilidade. Mais eu ainda tenho a esperança que a palavra forte como um tapa fará acordar essa gente. Essa gente é que faz esse país, é quem ocupa as colunas sociais, é quem escreve as colunas sociais, é quem tem a obrigação de elogiar um ao outro. Há isso entre eles. A necessidade do elogio mútuo, do tapinha no ombro, do riso falso. Por mim, eu faria uma auditoria do sorriso:
- Explica de onde saiu esse sorriso. O que te toca para você ser agradável assim, risonho assim, gentil assim?
É disso que falo. Meu melhor amigo, quando por vezes falo uma besteira ele me cospe na cara sem rodeios:
- Não é assim seu idiota!
E disso não passa. Não há aí a ofensa, o choro como facilmente você observaria em outros locais. Há a simples necessidade de se fazer entender sem tolher seus sentimentos. Há uma constante nessa gente que é tratar seus sentimentos que muitas vezes são ferozes – lembra do Chico Buarque, muito feliz quando disse: - Que bichos ferozes são seus cabelos que a noite você solta? – regado a essa educação chula! Eis a palavra magna! Chula! Quando vejo essas menininhas saindo de suas escolas, esses rapazes com seus vade mecum debaixo do braço tenho ímpetos de louco. Tem feras dentro de mim que muitas vezes me assuntam. Me vejo colocando-as dentro de um avião e mandando-as para o Zaire, a Zâmbia, Butão, Angola ou seja lá onde for, com passagem só de ida, sem um tostão no bolso. Haa como seria magnífico isso, confessem. Não venham me chamar de recalcado ou psicopata. Me chamem de algo mais nobre, de canalha, de patife por exemplo, mas mesmo assim não abriria mão dessa cena maravilhosa. Os vade mecuns jogados ao chão e o sujeito na situação forçada a extrair de seu cerne um resto de humildade que Deus deu-lhe. Seria sua salvação. Mas não posso fazer isso, nem falar isso eu posso. Eu, acreditem, fui professor de história da arte por três anos. Mas não poderia dizer isso porque isso era uma grosseria. Infelizmente minha educação foi e é feita as avessas. Minha educação é a busca exatamente do contrário, do foco do conflito. Só se acha a solução de certas coisas indo ao cerne do conflito, muitas vezes provocando-o. Eu não gosto dessa arte de: - Vamos evitar... Vamos nada! Não vamos evitar coisa alguma! Ou melhor, vamos evitar essa mania dessa educação comportadinha. Vamos evitar esse ar de complacência de quem entende das coisas.
Aí você observa os pais desse povo. Por incrível que pareça eu só consigo ver um boiadeiro. A nossa elite foi educada por vaqueiros. Não estou aqui depreciando o nobre ofício desse povo sofrido e batalhador, mas é assim que foram, ou fomos educados. Como gado! Os pais pagam caro para seus filhos serem essa lata de merda que são hoje. Eu tenho vergonha, profunda vergonha de ser jovem nos dias de hoje. Que Deus gentilmente apresse meu tempo e me deixe envelhecer logo. Você paga por uma educação que faz sua filha uma tola que passa horas batendo foto para colocar na merda do Orkut. Acho que se tivesse Orkut quando eu tinha doze anos e eu fizesse isso meu avô me surrava. A educação verdadeira não anda de mãos dadas com a futilidade, mas a nossa educação não só anda de mãos dadas com a futilidade como já fez mais coisas. A futilidade é uma regra para você entrar na escola. Ou você é fútil ou não entra. Há – eu juro que vejo isso – na porta de cada escola um sujeito perguntando:
- Você está com ar muito reflexivo. Que seriedade é essa? Sorria.Aí o infeliz que se por acaso estivesse pensando alguma coisa séria é convidado a ficar de quatro e caminhar como as outras cabeças de gado que já estão lá dentro. Você não pode ser assim sério, ou reflexivo. Você tem que ser aquele tolo batendo foto em frente ao espelho. Aí você que é pai ou mãe de um sujeito desses acham que é...: - Normal. É coisa da idade! É, normal mesmo. Anormal seria flagrá-lo refletindo poemas de Augusto dos Anjos sendo educado desse modo. E com mais idade certamente ela vai conseguir vôos mais altos como uma play boy ou coisa do tipo. Veja que ascensão! Sair da escola direto para revistas. Ou passar em um concurso!
- Fulano está bem. É concursado.
Que pode significar também:
- Esse boi tem pasto garantido.
Com pasto garantido a coisa fica realmente mais fácil. Você é um tolo que pode falar também. Porque tolos todos somos. Não vamos discutir o óbvio. Mas nem todo tolo tem voz. Você tem que chegar ao nível dessa gente. Veja que ridículo. Você se esforçar para se submeter a isso. “Estudar” para chegar lá! Lá onde caralho? De que merda é essa que vocês estão falando? No dia que você realmente estudar essas vitórias de selvagens será a última coisa que você vai querer fazer em vida. Mas não!
- Não diga isso. Isso é uma blasfêmia contra nossa sociedade culta que tanto preza para o desenvolvimento da nossa cidade.
Eu não tenho cidade meu caro. Eu tenho o mundo e duas penas magras o bastante para levitar sobre ele, ferindo a terra com meus passos sem temer os calos que certamente virão. Haa, mas essa gente canalha não vão roubar os sóis que me esperam ao longo da estrada. Não mesmo! Vou voltar a usar as velhas camisas antes que me corrompam.
- Nossa. Como você está bem. Está mais forte.
A vontade controlada – controlada, por isso que sou um canalha, pois não era para por freios em certas vontades – e imperceptível de dizer-lhes:
- Estou em tornando o mesmo porco que vocês. Vê como me esforço?
Mas não, o canalha aqui ainda tem lá sua educação contaminada pela agradabilidade. É nisso que se resume a nossa educação. A agradabilidade. Você tem que ser sobretudo agradável, não dar vexames, não falar alto, beber moderadamente. Moderadamente uma merda! Que se dane essa educação caduca. Aqui, nesta cidade de pessoas “agradáveis” tudo é feito com esse ar de porcelana chinesa. As meninas são assim, de porcelana com seu ar de complacência com aquela beleza mortal. Haaa como aquela beleza tola judia comigo. Judia porque eu não posso tê-las sem me submeter aqueles trejeitos horríveis. Judia porque ela não vai sair daquele fosso de lama regado a whisky. Onde quer que você vá não tem como não de deparar com essa beleza de porcelana. Mas o mal está aí. Você já viu uma parede branca com manchas de merda? Não lembro que documentário que eu vi em que alguns presos políticos faziam isso. Manchavam as paredes de merda. É assim que vejo as porcelanas. Aquela coisa linda manchada de merda. É a merda da futilidade, da tolice, da ignorância. Ainda tem essa. Você tem que ser um educado calado. É assim que eles me querem, calado, mudo, com aquele ar de lord inglês, a mesma valsa maldita de trejeitos. A educação não está para o encontro do homem, muito menos para a busca da verdade. Está para o ensaio do trejeito hipócrita-social. Haa mas isso é que é ascensão. O budismo é uma tolice, a filosofia é um peido para essa gente! Um peido fedidíssimo! Você tem que ascender, sair do vestíbulo do mal vestido para a glória suprema do bem vestido. Sair da ante-sala do rum para a glória do whisky. Aí sua mãe lhe diz:
- Meu filho, fale baixo. Você me mata de vergonha.
Aí sua professora lhe diz:
- Não fale assim de modo grosseiro. Isso é feio.
A grosseria sua tola! É muitas vezes a única saída para idiotas como vocês serem tocadas! A grosseria é um berrante em sua direção cuspindo estas palavras:- Eu sou o caminho a verdade e vida!
Tolice é achar que essa gente vai entender alguma coisa como essa. Não há a mais remota possibilidade. Mais eu ainda tenho a esperança que a palavra forte como um tapa fará acordar essa gente. Essa gente é que faz esse país, é quem ocupa as colunas sociais, é quem escreve as colunas sociais, é quem tem a obrigação de elogiar um ao outro. Há isso entre eles. A necessidade do elogio mútuo, do tapinha no ombro, do riso falso. Por mim, eu faria uma auditoria do sorriso:
- Explica de onde saiu esse sorriso. O que te toca para você ser agradável assim, risonho assim, gentil assim?
É disso que falo. Meu melhor amigo, quando por vezes falo uma besteira ele me cospe na cara sem rodeios:
- Não é assim seu idiota!
E disso não passa. Não há aí a ofensa, o choro como facilmente você observaria em outros locais. Há a simples necessidade de se fazer entender sem tolher seus sentimentos. Há uma constante nessa gente que é tratar seus sentimentos que muitas vezes são ferozes – lembra do Chico Buarque, muito feliz quando disse: - Que bichos ferozes são seus cabelos que a noite você solta? – regado a essa educação chula! Eis a palavra magna! Chula! Quando vejo essas menininhas saindo de suas escolas, esses rapazes com seus vade mecum debaixo do braço tenho ímpetos de louco. Tem feras dentro de mim que muitas vezes me assuntam. Me vejo colocando-as dentro de um avião e mandando-as para o Zaire, a Zâmbia, Butão, Angola ou seja lá onde for, com passagem só de ida, sem um tostão no bolso. Haa como seria magnífico isso, confessem. Não venham me chamar de recalcado ou psicopata. Me chamem de algo mais nobre, de canalha, de patife por exemplo, mas mesmo assim não abriria mão dessa cena maravilhosa. Os vade mecuns jogados ao chão e o sujeito na situação forçada a extrair de seu cerne um resto de humildade que Deus deu-lhe. Seria sua salvação. Mas não posso fazer isso, nem falar isso eu posso. Eu, acreditem, fui professor de história da arte por três anos. Mas não poderia dizer isso porque isso era uma grosseria. Infelizmente minha educação foi e é feita as avessas. Minha educação é a busca exatamente do contrário, do foco do conflito. Só se acha a solução de certas coisas indo ao cerne do conflito, muitas vezes provocando-o. Eu não gosto dessa arte de: - Vamos evitar... Vamos nada! Não vamos evitar coisa alguma! Ou melhor, vamos evitar essa mania dessa educação comportadinha. Vamos evitar esse ar de complacência de quem entende das coisas.
Aí você observa os pais desse povo. Por incrível que pareça eu só consigo ver um boiadeiro. A nossa elite foi educada por vaqueiros. Não estou aqui depreciando o nobre ofício desse povo sofrido e batalhador, mas é assim que foram, ou fomos educados. Como gado! Os pais pagam caro para seus filhos serem essa lata de merda que são hoje. Eu tenho vergonha, profunda vergonha de ser jovem nos dias de hoje. Que Deus gentilmente apresse meu tempo e me deixe envelhecer logo. Você paga por uma educação que faz sua filha uma tola que passa horas batendo foto para colocar na merda do Orkut. Acho que se tivesse Orkut quando eu tinha doze anos e eu fizesse isso meu avô me surrava. A educação verdadeira não anda de mãos dadas com a futilidade, mas a nossa educação não só anda de mãos dadas com a futilidade como já fez mais coisas. A futilidade é uma regra para você entrar na escola. Ou você é fútil ou não entra. Há – eu juro que vejo isso – na porta de cada escola um sujeito perguntando:
- Você está com ar muito reflexivo. Que seriedade é essa? Sorria.Aí o infeliz que se por acaso estivesse pensando alguma coisa séria é convidado a ficar de quatro e caminhar como as outras cabeças de gado que já estão lá dentro. Você não pode ser assim sério, ou reflexivo. Você tem que ser aquele tolo batendo foto em frente ao espelho. Aí você que é pai ou mãe de um sujeito desses acham que é...: - Normal. É coisa da idade! É, normal mesmo. Anormal seria flagrá-lo refletindo poemas de Augusto dos Anjos sendo educado desse modo. E com mais idade certamente ela vai conseguir vôos mais altos como uma play boy ou coisa do tipo. Veja que ascensão! Sair da escola direto para revistas. Ou passar em um concurso!
- Fulano está bem. É concursado.
Que pode significar também:
- Esse boi tem pasto garantido.
Com pasto garantido a coisa fica realmente mais fácil. Você é um tolo que pode falar também. Porque tolos todos somos. Não vamos discutir o óbvio. Mas nem todo tolo tem voz. Você tem que chegar ao nível dessa gente. Veja que ridículo. Você se esforçar para se submeter a isso. “Estudar” para chegar lá! Lá onde caralho? De que merda é essa que vocês estão falando? No dia que você realmente estudar essas vitórias de selvagens será a última coisa que você vai querer fazer em vida. Mas não!
- Não diga isso. Isso é uma blasfêmia contra nossa sociedade culta que tanto preza para o desenvolvimento da nossa cidade.
Eu não tenho cidade meu caro. Eu tenho o mundo e duas penas magras o bastante para levitar sobre ele, ferindo a terra com meus passos sem temer os calos que certamente virão. Haa, mas essa gente canalha não vão roubar os sóis que me esperam ao longo da estrada. Não mesmo! Vou voltar a usar as velhas camisas antes que me corrompam.
Pô, bicho, essa imagem aí fala mais que 1 milhão de palavras. É simplesmente o que toda mulher gostaria de ser e de todo homem gostaria de TER.
ResponderExcluirAgora vou ler o texto. falows...
Dihelson Mendonça