sábado, 14 de novembro de 2009

Interblogs: a ternura de Aeronauta

Sou fã de telinha de Aeronauta, uma das maiores escritoras que este terreiro virtual já nos proporcionou. O melhor, é a capacidade da Aeronauta de nos surpreender. E ela sempre nos surpreende, nos alegra, nos comove, nos faz refletir, sorrir e até chorar e nos faz vivos com suas histórias que remetem, invariavelmente, ao seu passado glorioso, repleto de mãe, pai e irmã. Trago hoje, neste interblogs, a última criação da Aeronauta, algo simplesmente belo e terno (Carlos Rafael Dias).

Ciranda

Vida sem exagero é coisa sem graça. Vida sem metáfora é leitura de jornal. E a dor da gente não sai no jornal, sabiamente arrematou Chico. Desde pequena, portanto, invento minha vida. Por isso Dona Celé, nossa vizinha beata da infância, me contava histórias tenebrosas de santos - pra que eu tomasse tento e parasse de mentir. As folhas das carambolas lá do quintal sempre foram dinheiro, cédulas vivas e verdes, para comprar o mingau das bonecas. Tinha tanto dinheiro nessa época. E minhas bonecas, além do mingau, muitas roupas. Que mãe costurava, acreditando em tudo.
Como viver sem imagens, sem escavar o imaginário e de lá tirar uma casa, toda feita de chocolate? Ah, tantas casas tenho. Invento vestidos vermelhos, culpas que não nasceram, verdades inatingíveis e ocultas. Aqui tudo é de brinquedo, ainda guardo muitas cédulas, e meu pé de carambola nunca morre. Não, não se assuste, entre na brincadeira; é uma ciranda tão linda, é uma ciranda tão bela, é uma ciranda eterna...


Fonte: wwwaeronauta.blogspot.com

Um comentário: