segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Você me enquadra no quadrado
Do teu olho cinéfilo
Pede uma história que se roteirize
Um melodrama sem remake
Procuro meu cigarro, penso,
Te digo que
Eu posso te contar de mim.
Eu posso te contar de quando fiquei sentado
durante duas horas na porta de um cinema
e a dama do meu melodrama não foi,
depois, como se fosse preciso um pedido
ralo de desculpas, disse que tinha ficado
ocupada com o vibrador, que ela chama delicadamente
de Patrick Swayze
Eu posso te contar de quando corri como um louco
pra ver se acompanhava o sorriso do meu melodrama
pelo vidro traseiro de um táxi que
a levou embora.
Ela ria pelo vidro. Vidrodrama.
Eu posso te dizer de quando enfiei a mão no bolso
na esperança de encontrar alguma coisa
que mudasse o rumo do meu melodrama.
Retirei a mão limpa.
E o meu melodrama riu,
Disse que eu ficasse tranqüilo,
Me disse que rumo é lenda, que a vida é isso: melodrama.
Eu posso te contar que um dia
Quis encarar uma briga pra defender o meu melodrama
tomei tantas porradas na cabeça
que desmaiei,
não sei se meu melodrama soube
me disse que entende pouco isso, de dramas
Eu posso te contar algumas histórias
que ouvi sentado ao pé de uma fogueira
em cima de uma serra linda e velha
meu melodrama não foi, disse que eu fotografasse
ela via depois, se desse tempo.
Eu posso te contar de quando aprendi a cantar
uma canção inteira
dos Beatles.
Meu melodrama disse, com uma risada
Assim, meio cinema novo
Que achava os Beatles uma comédia.

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