domingo, 6 de dezembro de 2009

A arte contemporânea como base para um mundo globalizado. - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Que os canais do mundo se comunicam ninguém mais duvida. Muito mais do que juntar estas várias cidades que compõem uma megalópole, criando uma idade que parece torná-las uma só, há no mundo algo que efetivamente globaliza.

Não sei o limite deste algo, mas certamente as ondas eletromagnéticas se deslocando ponto a ponto e o processamento eletrônico dizem muito disto. Filosoficamente a necessidade de uma identidade mundial, como conseqüência ou indutora desta tecnologia não importa, muda toda a cultura e, por conseguinte, as artes.

Em que sentido muda? Vou burilar alguns recursos evidentes. A arte até o quanto a compreendemos (falo da maioria) é um componente urbanístico. Nasceu e se desenvolveu para dar sentido à vida urbana. Como um componente predial e do que ocorre no interior destes. Assim foi a pintura, a escultura, a poesia, a literatura, a música, etc.

É claro que isso já vem desde os impérios urbanísticos da antiguidade e se projetou em volume descomunal na emergência das urbes com suas igrejas e os prédios coletivos do poder dominante. Seja este um reinado, um ducado ou uma cidade república. E também é claro que preencheu o tempo da ociosidade urbana, que não tem de conduzir o tempo de sol a sol como na zona rural.

Como também é claro que desde a emergência do capitalismo financeiro e industrial que esta coisa tem mudado. Durante todo o século XX começamos a fazer estudos mais profundos da comunicação, nos apropriamos dos movimentos de massa. Entendemos e vimos grandes eventos na cultura, seja pelo braço da política ou do artístico propriamente dito, em que pese que estas duas coisas também não são separadas assim.

Então podemos dizer que efetivamente a cultura com a arte e a política não tem mais o urbano como espaço. Agora é o próprio planeta e as sociedades para tomarem sentido nisto precisam de uma arte que seja essencialmente de comunicação. Quando falo em essência não digo exclusividade, pois a cultura ao longo do tempo não são compartimentos separados. Apenas digo que a contemporaneidade na arte é expressão e comunicação.
Um simples olhar sobre uma programação de Turim na Itália agora neste segundo semestre de 2009 já revela isso. O “Comtemporary Art – Torino Piemonte” tem um forte componente de “arti visive” com design, teatro, dança, cinema, vídeo e música.

Os instrumentos e materiais clássicos como pincéis, cinzéis, mármore, argila e assim por diante dão lugar ao digital. Á performance. Ao experimento “comunicacional” (pode ser designado por outro nome). Veja apenas alguns exemplos: Il Teatro Dela Performance; The Gam Underground Project (pesquisa, análises e experimentações cruzadas entre si); Artissima Accerare L´Ascolto (artista buscando as relações entre artes visíveis e o teatro); Torino Design Week; Giuseppe Penone – Il Giardino delle Sculture Fluide em que um maestro mistura peças musicais seiscentistas com a contemporaneidade num espaço de um jardim imenso o qual tem uma fonte.

Não vou me alongar mais. Apenas dizer que nossas universidades regionais devem garimpar a contemporaneidade onde estiver. Essencialmente refletir a emergência que não é de hoje mas que se torna cada vez mais assim de um mundo global cuja matriz é expressão e a comunicação.

Lembrando um velho filme dos anos setenta, menos pelo seu roteiro e mais pelo seu título: 2001 uma Odisséia no Espaço, acrescento, global, já é uma realidade.

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