sábado, 26 de dezembro de 2009
Só pensando.
Por Zé Nilton
Uma surpresa daquelas. Até que o dia de hoje poderia ter passado sem nenhuma novidade. Todo dia, andando pelas ruas de nossa cidade, e num demorado percurso cumprimentamos a tantos, paramos, conversamos com tantos, são muitos amigos, amigos dos amigos, pessoas, alunos, ex-alunos, colegas de trabalho, colegas dos colegas - ah, você, te conheci naquele dia... como vai sua esposa ? - Bicho, tu tá magro pra cacete, qual é irmão? - Olha só, toda tardinha, escuto você cantando o hino do Crato na rádio Centro.. - Quando vai gravar outro disco? - Ei, Zé, e a Urca ? - Tem ido pra serra? - Professor, compre um livro que saiu, é do João Pierre. - Olha só, to escrevendo um livro contando o tempo da ditadura no Crato... - Quando tu quer participar da Rapadura Cultural? Neste fim de mês nós vamos homenagear...
Claro, isto acontece com todos os amigos quando se encontram com os amigos na cidade. Muitas conversas, muitas histórias, muitos conchavos, muitos “pé de orelha” (sem politicagem), contando a última daquele ou daquela.. ou daquilo e daquilo outro. Virge, tu sabe da última?
Uma surpresa daquelas hoje me ocorreu. Querem saber?
Encontrei, pela manhã, na loja do Amilton, o meu amigo, José Flávio Vieira – o Zé. Já no interior da loja, foi difícil trazer o homem para as minhas confabulações. As pessoas puxavam o sorridente e afável Zé pra cá, e prá lá, todas queriam a atenção do bicho feio, mas transido de bondade e presteza para com todos.
Pensando em minorar aquele assédio espontâneo das gentes, levei o cara pra fora da loja. Qual o quê! Piorou. Como diria minha avó – foi peor ! Fez-se uma roda em torno do homem, e nós no meio. Fiquei embasbacado com tanta gente querendo falar com o Zé. Teve um que disse: - você me operou e nem doeu... Outro, - quando passo lá pra tu me ver ?
Vou tentar reproduzir um pouco do que pude encacholar das vozes que ouvir no meio daquele furdunço.
- Dr., meu gogó tá flácido ? Mas, tô tomando todos os remédios...
- Fique sempre novo prá cuidar da gente...
- Não, você me fez ficar mais nova... olha só, foram os remédios...
- Que nada, dr, nunca me esqueço de seu pai. Quando na Faculdade, eu lhe pedi para fazer um trabalho sobre português. Aí ele disse: pois faça o meu que é sobre religião. Aí eu fiz, acho que ele nem entregou, era assim o Vieirinha...
- Dr., aquela sua operação, olha, só o mi !...
- Me dê um abraço, esse homem me salvou a vida...
- Bonitão, hem? Tá novim...
- Viva o dr. Zé Flávio ! Tô na sua sombra...
- Rapaz, é mesmo o dr. Zé Flávio, a esta hora por aqui ?...
- Cara, você salvou a minha mãe...
- Olha só o homi, ah se ele tomasse conta do Crato...
E foram longe as mesuras do povo de minha cidade para com o Zé. Confesso que fiquei pasmo com a avalanche de carinho devotado a esta figura de médico, cuidador e amigo das pessoas.
Aí sai dali pensado...
Calma, só pensando!
Zé Nilton
Agradeço ao Zé Nilton pelas palavras carinhosas e pela companhia. Acho que é o clima de fim de ano que acaba contaminando as pessoas e os sorrisos desabrocham e os abraços acontecem. Feliz 2010 para vc e toda tropa!
ResponderExcluirQue nada! É sempre assim. O Zé Flávio é sempre festejado por onde passa e é bem merecida todas as homenagens.
ResponderExcluirOlha aí o Salatiel com sotaque fortalezense. Grande ano para vc, meu amigo. Tentei de ligar no Natal, mas não te encontrei. Grande Abraço!
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