Talvez o tempo dure
mais de vinte e um dias
para que o meu sangue limpe
e eu consiga andar sozinho.
Não se preocupe com minha alma.
Esqueça aquela onda:
"cadê minha cervejinha,
cadê meu baseado?"
A única prerrogativa
é a verdade
que vejo tremer
nos seus cílios.
Sei que não tem volta segura
como também sei que o meu lar
é sempre adiante.
Pois alcançado
o estágio
em que a loucura
é um lindo berçário
de boas lembranças
e algum silêncio.
Talvez a eternidade
adormeça nos meus versos.
A alma fora do corpo
dentro do espantalho
em cujos ombros
há tempo não pousam
os corvos
distantes,
apenas observam
a brisa da noite
fechar meus olhos
e a minha boca
entreaberta
suspirar o indizível.
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