quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Bom Sono

Não era tão dilacerante a dor.
O desgosto nem tão imenso.
O poeta não é um fingidor,
um sacana mesmo.

Adorna as palavras,
lambe as feridas,
entre suspiros,
soluços,
uis, ais

mas na verdade
sob atmosfera oculta
sorri cínica a alma
que ninguém olha
nem ao ato fúnebre
que ninguém assiste.

É uma temeridade
enfeitar a cauda
não importa de qual lagartixa

ou a própria se deixa cortar o rabo
ou então logo esquece os guizos
debaixo da escrivaninha.

Sabe aquele ossinho da galinha
graveto bifurcado cabo da baladeira?

Pois esta é a dor poeta,
até uma criança quebra
até um idoso mastiga.

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