quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

dentro da ostra sombras invisíveis

Nunca se esqueça
dos sonhos da infância:
bala soft, tênis novo, cinema.

Mesmo quando lhe vier às narinas
o corpo putrefato
de Heráclito de Éfeso
sob esterco.

Ou o forte odor de acetona
das unhas de molho.

Sempre haverá uma madame triste
pensando qual esmalte lhe trará alegria.

Fabuloso Universo
a cada um oferece
a liberdade dos céus
(e não se iluda)
também das trevas.

Os olhos fechados
sem temer a Verdade
você é aquela espécie
de água-viva
sempre jovem
sempre esperta.

Sinta o perfume
do pijama tão usado

do travesseiro úmido
do braço amputado

da comida materna
do cílio preso
entre os dedos -

Mas não se descola o cílio
como então fazer um pedido?

Lave as mãos com suas lágrimas.
O coração entenderá seu desejo.

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