sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tempo Antigo

Talvez não saiba
lhe deixei sapinhos
não no céu da boca
mas no céu da alma.

Talvez não perceba
mas já é outra
mudou seu andado
seus olhares estranhos
- pergunte ao seu espelho -

e sempre ao beber água
sentirá um cheiro acre
não se apavore
não é desgraça
coisas de vodu

apenas os suspiros do peixe
dentro da geladeira:
"sua mãe nunca lhe aconselhou
a não guardar o copo de alumínio
próximo à gavetinha do congelador?"

Talvez não saiba
lhe deixei verrugas
não nas linhas da mão
mas nas dobras dos lençóis
antes que seu coração durma.

Permaneça quieta,
dessa forma,
não me telefone
tampouco me mande e-mail.

Neste momento, espante-se,
escrevo em uma folha de caderno
cruzando as pautas
sem aviso.

A única verdade,
talvez saiba,

é o abraço dos dedos
envolvendo a caneta.

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