segunda-feira, 29 de março de 2010

Engenheira Florestal fala sobre o Plantio das Palmeiras Imperiais no Crato


Para quem não pôde acompanhar o desenrolar do assunto no Blog do Crato, transcrevo aqui a opinião de uma especialista, Engenheira Florestal que mostra que as novas árvores do Crato podem conviver em perfeita harmonia com as demais existentes. E logo mais, a palavra do Secretário de Meio Ambiente a respeito da polêmica gerada em torno das novas mudas, mostrando que o projeto desde o início, foi acompanhado por técnicos e Engenheiros, e que foi uma coisa planejada, e não feita a esmo, como alguns querem passar erroneamente para a opinião pública...

Nota do Editor: Respondendo à polêmica gerada pelo Luiz Carlos Salatiel e pelo Wilton Dedê em outra postagem, dizendo que o plantio das Palmeiras Imperiais teriam agredido o meio ambiente nativo, fomos procurar o embasamento técnico de uma especialista, Engenheira Florestal que conhece bem o nosso habitat, Rosemary Borges Xavier formada na Universidade Federal do Pernambuco, que assim se expressa a respeito:

Dsc04574Olá pessoal meu nome é Rosemary Borges Xavier, sou de Recife, e estou participando deste blog ha poucos dias. Sou formada em Engenharia Florestal-UFRPE, não estou exercendo no momento as funções, mas foi muito boa a indagação de Luiz Carlos Salatiel, do porque se ter plantado Palmeiras Imperiais, nos jardins ao invés de espécies nativas, aqui não estou nem colocando a questão do custo das mudas, e sim se as palmeiras são bem adaptadas às condições edafo-climáticas, ou seja, relação solo-clima. Vocês podem até me questionar sobre estas condições e eu vos respondo: São dentro destas que se encontram os fatores edafo-climáticos que se faz necessários existam para se promover o plantio de uma determinada espécie. Então eu posso citar alguns destes fatores como sendo preponderantes ao plantio, deve-se levar em consideração quanto ao fator edáfico o tipo de solo (arenoso ou argiloso ou argilo-arenoso), a quantidade de nutrientes presentes neste, pois a planta por si só não consegue produzir seu próprio alimento e ainda ter que alimentar o solo, sendo este o local onde ela se fixa (ás vezes até brinco em determinadas situações dizendo que planta devia ser como nós, quando o perigo se aproxima temos os pés ao nosso favor). Portanto, se os nutrientes ali não se encontram presentes, somos nós que temos que fornecer, na proporção correta. Quanto aos fatores climáticos; devemos considerar a temperatura (tem espécies que quando transplantadas de um ambiente a outro não sobrevivem, para isto se fazem testes em laboratórios
dentro dos viveiros onde são produzidas as mudas), a precipitação (se chove pouco ou muito este fator vai influenciar tanto no desenvolvimento quanto na permanência da espécie ( e mais uma vez aqui são feitos os testes, colocando-se retirando-se a água dentro do que se espera acontecer), a umidade outro fator importante para se saber se dará certo ou não o plantio ( espécies que não vão se adaptar a umidades altas ou baixas nem é bom se escolher), a luz também é muito importante pois existem espécies tolerantes e as intolerantes a luz (solar é claro). São vários os fatores, aqui foram colocados apenas alguns. Compreendo sua preocupação em arborizar os jardins com espécies nativas, o bom mesmo é isto, mas às vezes se pode fazer plantio mistos (ou consorciados), que dão certo, pois estamos tratando de arborização e paisagismo, ou seja criar um ambiente agradável a visitação. E posso garantir que na citação de Dihelson quanto a plantar espécies frutíferas nos jardins é válido, por que o que agradam as pessoas não são apenas as belas folhagens, o abrigo às intempéries, os aromas das flores, a presença de pássaros e outros animais de pequeno porte. As espécies frutíferas não devem ficar apenas nos pomares, porém não é em qualquer lugar que se pode plantar uma árvore frutífera, pois devemos considerar os transeutes, estas não devem ficar próximas aos bancos das praças, em calçadas não se aconselha, principalmente se os frutos são grandes. E posso garantir que nem sempre uma espécie exótica traz danos ao ambiente, o que se deve considerar são estes fatores citados, dentre outros, pois as plantas tem uma capacidade de se adaptar bem a um novo meio, isto se este ainda oferecer o que é necessário para que esta adaptação ocorra; pois há situações em que ocorreu um grande desequilíbrio na área, esta foi tão degradada (mas este é um novo tema muito relevante e que não se percebe muita discussão, aliás no Brasil poucos se preocupam em recuperar o que destruiu, a não ser quando se trata do próprio interesse, ou seja ou vou reflorestar o que eu tirei para repor meu estoque, há casos em que a ação antrópica do homem não se reverte nem com “reza braba”, nem você tendo as melhores espécies, tendo o melhor clima, as plantas conseguirão se estabelecer, mas se não for este o caso, é só conhecer os fatores edafo-climáticos e as características das espécies, que se conseguem plantar espécies exóticas e nativas e elas “vivem em perfeita harmonia”. Hoje tudo o que não é nativo é exótico, e nem precisar ser de outra região (país, estado ou município), se soubéssemos e tivéssemos a preocupação de cuidar do planeta (nossa casa), como cuidamos exatamente da nossa, seguramente não estaríamos aqui debatendo sobre se foi correto ou errado o Governo realizar um projeto de plantio de espécies exóticas no lugar das nativas, por que as nativas estariam ai. Quanto a colocação de Dihelson em relação a se plantar as palmeiras que já atingiram uma determinada altura, isto não tem a menor importância, por que? pois as espécies antes de chegar ao seu habitat, passam por um período de vida nos viveiros e de lá já saem prontas para seu novo ambiente, geralmente uma palmeira imperial chega a atingir na fase adulta cerca de 30m, e mesmo assim ela pode ser transplantada de um lugar para outro, quando então fazia o curso está prática ocorreu, foram retiradas duas palmeiras imperiais que estavam ao lado do Teatro de Santa Isabel e plantadas próximo ao hospital esperança que fica na Ilha do leite, os bairros citados são de Recife-PE, mas aconteceu de uma apenas uma sobreviver ao novo ambiente, então, uma com 2 ou 5m, ainda está na fase "juvenil", portanto é apenas uma muda. Para concluir: vamos plantar árvores, nos jardins das nossas casas, nas praças pra nosso lazer, nas calçadas das nossas casas, enfim pelo mundo afora, imaginem vocês se cada um de nós habitantes do nosso país com aproximadamente 200 milhões, plantássemos uma árvore por mês, ao longo dos nossos dias de vida, quantas já iríamos deixar, para as gerações futuras? Agora culturalmente falando, estas gerações teriam muito o que agradecer por este legado. Afinal, preservar e conservar o ambiente que vivemos deveria fazer parte da cultura de todas as nações.

Dsc04602


Rosemary Borges Xavier
Engenheira Florestal
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