segunda-feira, 29 de março de 2010

Impressões Viajando - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Temor, cuidado, insegurança. Um casal numa viagem de milhares de quilômetros, saindo às três horas da madrugada da outrora aprazível cidade de Fortaleza. Uma carga inteira de fonemas assemelhados: assaltado, assolado, sobressaltado, sobrestado, assado. Aprisionados nas muretas pequeno-burguesas que lhes deu o mito da segurança acima de tudo.

Um túnel de luz sobre a estrada. Uma andança linear de luzes no contra-fluxo, indo apagar-se na vida intensa da capital. Entre o apego que nos guia pela trilha escura do asfalto e o cegamento pontilhado das luzes diretas sobre o olhar, balança nossa gravidade. Na aceleração centrífuga das curvas da estrada. No acelerar das grandes retas. Na freada dos pneus enquanto o coração dispara em susto.

Quando o sol revela toda extensão do relevo, as serras do Apodi mais do que nunca reforçam a planície que é o Ceará. Jaguaribe, Icó e um café com queijo de coalho. Um queijo com a superfície furada. Igual as todas as BRs que cruzam o território do Estado. Algo acontece entre os corações de Lula e Cid Gomes. A prova cabal: apenas quinze quilômetros da BR 116 se encontram em território paraibano e a qualidade de seu asfalto é melhor que qualquer trecho de qualquer BR que se trafegue pelo Ceará.

Dois fenômenos de engenharia cruzam nossa velocidade na excelente BR116 desde as fronteira do Ceará com Pernambuco até Feira de Santana: as obras da Transnordestina perto de Salgueiro e a ponte sobre o São Francisco na cidade Ibó. A primeira obra por força do rasgo que faz no relevo, da grande quantidade de máquinas e gentes em operação. A segunda pela liberdade de se ir pelo caminho mais curto, mas que durou tanto tempo aprisionado pela força política da família Coelho de Petrolina.

A Bahia segue campeã na imagem de si mesma. E que imagem bela. O litoral sul, desde Valença até Porto Seguro, passando por Ilhéus. Como cria conceito, como define as partes e com tantas partes, torna mais rico e diversificado o já grande território do Estado. E tome Costa do Dendê, Costa do Cacau e Costa do Descobrimento. Não é uma graça, são mais de oitocentos quilômetros de pura beleza vestida de fantasia.

Mineração é algo descomunal. Mas não fica atrás a Indústria do replantio e do aproveitamento da madeira. Quem chamar aquilo de preservação diz muito de monocultura, menos da alma natural da região. Desta exuberância diversificadora dos trópicos. A Aracruz celulose e seus caminhões em comboios, com três carrocerias engatadas ao “cavalo” poderoso do caminhão. Ameaça ao bom senso e ao trânsito de veículos leves.

São seis pedágios pagos no território do Rio de Janeiro que cruza a BR 101. São seis pedágios de R$ 2,60, todos para manter o asfalto sem buracos, enquanto os buracos explodem sobre os nossos pneus. São tantos os veículos que formam filas imensas sem ultrapassável possível, pois não existem terceiras pistas.

Finalmente a Ponte Rio-Niterói. Avistamos a Baia da Guanabara, o relevo das Serras, as torres da cidade e o intenso trânsito em ambos os lados. Em ambos: entre o Ceará e o Rio de Janeiro.

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