Ali Kamel é o diretor da Central Globo de Jornalismo. Há alguns anos defendeu um decreto estadual que proibia obras e políticas públicas em favelas. A definição básica de favela é toda ocupação urbana cujos ocupantes não têm a posse da terra. Acontece que a lógica do tempo de ocupação já tornou todas as favelas do Rio de Janeiro, historicamente legítimas do ponto de vista da posse da terra. Não é legal, mas aí o problema é da lei e não das pessoas.
À frente desta Central, aproveitou-se da tragédia das chuvas que barafundeou a Região Metropolitana do Rio para atacar os partidos políticos que defendem políticas públicas para as favelas. Por tabela, no clima da perplexidade e da revolta, descer a encosta de risco da consciência humana sobre os pobres e favelados. Na boa manipulação, parecendo que Fátima Bernades e Bonner estão indignados com o desamparo aos pobres.
Esta inversão é clássica na propaganda política e quem melhor a desvendou foi George Orwel no seu “big brother” do romance “1984”. Algumas manipulações que evidenciam a trama: a) a tragédia atingiu várias cidades, mas o trato ao prefeito Eduardo Paes, que aplica remoção aos favelados, é diferente daquele ao prefeito Jorge Roberto de Niterói e do PDT; b) a principal palavra de ordem é a remoção, relembrando a política única de Carlos Lacerda; c) esconderam que o Lixão de Niterói foi posto daquele modo na gestão do prefeito Moreira Franco o qual a Globo manipulou numa artimanha contra as eleições para governador em 1982; d) não denunciam a situação de “lixões” iguais em milhares de cidades pelo Brasil; e) quando o problema é em São Paulo a leitura dos fatos é intempérie da natureza, a não ser que surja uma oportunidade para acusar os pobres das “ocupações irregulares”.
Além do mais, trouxeram o relatório do TCU para fazer propaganda para o candidato de oposição à atual situação brasileira. O TCU não é tão independente assim, está pleno de ex-deputados e “assessores” de políticos, todos a serviço de determinados projetos políticos. Por isso a matéria sobre uma pequena parcela das verbas federais para melhorar a situação de habitação dos mais pobres é tão manipuladora. A má fé é literalmente semântica: nos orçamentos toda verba tem nome e esta, tinha nome de prevenção de desastres, não sendo a única verba federal que tem este efeito. No clima da calamidade pública, trouxeram a matéria como se a culpa da situação do Rio de Janeiro fosse essa nesga de verbas. O pior de tudo: bastaram as chuvas passar sobre Salvador para que as barreiras e inundações ocorressem e foi contra isso que o TCU se insurgiu? No dia seguinte o “relator da matéria” ficou doente e não deu entrevista.
São estas retro escavadeiras da política menor que levam à desgraça popular. A tese do Kamel é muito bem costurada. Puseram o Jorge Roberto a falar das obras para a população que foi soterrada. Ora, Jorge e todo o poder decisório e quem sabe até técnico da prefeitura erraram em não denunciar o lixão, não remover as casas que estavam lá, mas erraram no limite daquela comunidade. Não erram quando fazem políticas públicas, inclusive de contenção de morros e escoamento das partes baixas da cidade. O povo precisa é de mais recurso para melhorar sua situação, no local em que vivem e como decidiram viver.
Não existe diferente entre este tipo de jornalismo e aquele que justificou a invasão do Iraque por armas de destruição em massa que não existiam.
À frente desta Central, aproveitou-se da tragédia das chuvas que barafundeou a Região Metropolitana do Rio para atacar os partidos políticos que defendem políticas públicas para as favelas. Por tabela, no clima da perplexidade e da revolta, descer a encosta de risco da consciência humana sobre os pobres e favelados. Na boa manipulação, parecendo que Fátima Bernades e Bonner estão indignados com o desamparo aos pobres.
Esta inversão é clássica na propaganda política e quem melhor a desvendou foi George Orwel no seu “big brother” do romance “1984”. Algumas manipulações que evidenciam a trama: a) a tragédia atingiu várias cidades, mas o trato ao prefeito Eduardo Paes, que aplica remoção aos favelados, é diferente daquele ao prefeito Jorge Roberto de Niterói e do PDT; b) a principal palavra de ordem é a remoção, relembrando a política única de Carlos Lacerda; c) esconderam que o Lixão de Niterói foi posto daquele modo na gestão do prefeito Moreira Franco o qual a Globo manipulou numa artimanha contra as eleições para governador em 1982; d) não denunciam a situação de “lixões” iguais em milhares de cidades pelo Brasil; e) quando o problema é em São Paulo a leitura dos fatos é intempérie da natureza, a não ser que surja uma oportunidade para acusar os pobres das “ocupações irregulares”.
Além do mais, trouxeram o relatório do TCU para fazer propaganda para o candidato de oposição à atual situação brasileira. O TCU não é tão independente assim, está pleno de ex-deputados e “assessores” de políticos, todos a serviço de determinados projetos políticos. Por isso a matéria sobre uma pequena parcela das verbas federais para melhorar a situação de habitação dos mais pobres é tão manipuladora. A má fé é literalmente semântica: nos orçamentos toda verba tem nome e esta, tinha nome de prevenção de desastres, não sendo a única verba federal que tem este efeito. No clima da calamidade pública, trouxeram a matéria como se a culpa da situação do Rio de Janeiro fosse essa nesga de verbas. O pior de tudo: bastaram as chuvas passar sobre Salvador para que as barreiras e inundações ocorressem e foi contra isso que o TCU se insurgiu? No dia seguinte o “relator da matéria” ficou doente e não deu entrevista.
São estas retro escavadeiras da política menor que levam à desgraça popular. A tese do Kamel é muito bem costurada. Puseram o Jorge Roberto a falar das obras para a população que foi soterrada. Ora, Jorge e todo o poder decisório e quem sabe até técnico da prefeitura erraram em não denunciar o lixão, não remover as casas que estavam lá, mas erraram no limite daquela comunidade. Não erram quando fazem políticas públicas, inclusive de contenção de morros e escoamento das partes baixas da cidade. O povo precisa é de mais recurso para melhorar sua situação, no local em que vivem e como decidiram viver.
Não existe diferente entre este tipo de jornalismo e aquele que justificou a invasão do Iraque por armas de destruição em massa que não existiam.
Como diz o jornalista Paulo Henrique Amorim, a Globo quer fazer o papel de UDN, de Carlos Lacerda. E vai para cima do prefeito do PDT.
ResponderExcluir