A segunda noite da Mostra Competitiva deste 14º Cine PE (ocorrida ontem, 27/4) indica que a curadoria do evento está optando pela diversidade de temas e de estéticas dos curtas-metragens. Na noite anterior, o público (sempre numeroso e participativo) do Festival já havia tomado contato com o experimentalismo de Tanto (da catarinense Nataly Callai), com o aspecto humano-documental de Lá Traz da Serra (do paraibano Paulo Roberto) e Bailão (do paulista Marcelo Caetano), com o humor ácido de O Filme Mais Violento do Mundo (direção do mineiro Gilberto Scarpa) e, principalmente,com o ovacionado estilo cômico/ dilacerante de Recife Frio, do pernambucano Kleber Mendonça Filho.Aliás, se Recife Frio já havia sido ovacionado no Festival de Brasília do ano passado, aqui, jogando em casa, o curta foi mais que aplaudido. Procurando a palavra mais precisa para expressar o que aconteceu após a sua exibição no Cine PE, digamos que ele foi... canonizado, santificado. E não sem motivos. Ainda que, pessoalmente, eu prefira o dolorido romantismo agridoce de Bailão, é inegável que Recife Frio, com seu delicioso e inteligente sarcasmo, tem tudo para continuar sua vitoriosa carreira de prêmios iniciada em Brasília.De qualquer maneira, a diversidade de estilos continuou na noite de ontem. Também de Pernambuco veio o “vídeo poema experimental inspirado numa poesia de minha própria autoria” (palavras da diretora) chamado Corpo Urb, de Mariane Bigio. Em pouco mais de dez minutos, Mariane narra a perturbação de uma jovem consumida pelo estresse, no cotidiano recifense.Como contraponto, o carioca Marão apresentou o seu Eu Queria Ser um Monstro, forte candidato ao troféu “filme fofo” do Festival. Misturando stop motion com animação tradicional, o diretor conta a simpática historinha de um menino que fantasia ser um monstro gigantesco, mas que depois percebe que há modelos mais interessantes que podem lhe servir de espelho. Mais participativa que claque de sitcom americana, a plateia do Cine PE não economizou “aaaaahhhhhs” e “oooohhhhhs” durante a projeção.Também em animação (no caso, mesclada com live action), o paulista Fábio Yamaji apresentou O Divino, de Repente, que ilustra com traços rápidos as canções repentistas (ainda mais rápidas) de um divertido cantador de histórias. O público riu muito, mas riria ainda mais se o curta fosse legendado, já que a rapidez verbal do protagonista impede a total compreensão das letras de suas músicas.E a sessão de curtas de ontem foi encerrada com o belo e melancólico Senhoras, de Adriana Vasconcelos, representando o Distrito Federal. Em seguida, foi aberta a Mostra Competitivas de Longas, com o documentário Cinema de Guerrilha (do carioca radicado em São Paulo Evaldo Mocarzel) e a ficção O Homem Mau Dorme Bem (do gaúcho radicado em Brasília Geraldo Moraes).Infelizmente, porém, como faço parte do júri desta categoria, não posso e não devo comentar os filmes antes da premiação final, que ocorrerá no próximo domingo (2/5).
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