quarta-feira, 21 de abril de 2010

meu pai

Meu pai vive a me dar presentes.
Não faz nada na vida
senão me oferecer dádivas.

Meu pai me deu o mar.
Deu-me o céu.

O vento que traz o cisco.
Meu olho vermelho.
Meu olho ardendo.

Meu pai me deu a micose
em forma de braços
do rio Amazonas.

Já gastei um tubo de creme.
Só agora some a tatuagem
do meu tornozelo.

Meu pai é generoso.
Não tolera mendicância.

Sempre a me jogar na cara:
"eis a agulha e a linha
costura, pois, tuas meias..."

Assim (debaixo das suas asas)
prossigo.

Infinita envergadura.
Fogo.

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