sexta-feira, 23 de abril de 2010

Óleo

Quando tu deixaste de lado
o porre e a loucura
fizeste inimigos.

Não é tão simples
largar da velha túnica.

Queimar os ossos.
Afogar-se no próprio oxigênio.

Quando percebeste a tolice
do eterno retorno

entes soberbos
diante do teu silêncio
ergueram-se com ira.

Mas nenhum mal (nem do céu nem da terra)
poderá te ferir a dileta alma

(nascida do fogo
e pelo fogo santa).

Mudar de pele
(enquanto os tolos blasfemam)
não é um milagre natural.

É preciso refluxo constante
da chama dentro do peito.

Dias e noites
margens opostas

pisando pântanos
jardins etéreos.

Ainda sentirás garras aos teus tornozelos.
Ouvirás vozes de veludo aos teus ouvidos.

Mas nenhum mal (nem do céu nem da terra)
cairá sobre tua cabeça
ornada por nuvens brilhantes.

Humano permanecerás atento.
Cercado de descuidos.

Leva contigo somente esta verdade:
nunca mais terás o sossego dos fracos.

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