segunda-feira, 24 de maio de 2010

deserto

Quando a poeira assentar.
Quando retornarem os passarinhos.
Quando eu encontrar o tesouro debaixo do arco-íris.
Então poderás me dar as chaves da casa.

Aproveita e sorri sequer uma vez para este moço velho poeta.
A culpa por todos os desastres do universo minha somente.
Então não disfarces tua vitória tua infinda alegria.

Dá-me as chaves da casa.
Do cadeado.
Da porta.

Aproveita o embalo e dança um pouco.
Mostra-me teu corpo.

Aquele sinalzinho abaixo da virilha
ainda é a sombra de uma lágrima?

Quando eu fugir deste quarto.
Quando eu abrir a porta deste quarto.
Quando eu deixar os poucos livros para trás.
Então é hora de chorares.

Aproveita e conta pro meu filho
que sempre fui um apaixonado
pela vida dos objetos:

sobretudo pela xícara
do cafezinho.

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