sábado, 22 de maio de 2010

O imperialismo é um tigre de papel?



No atual cenário internacional, os Estados Unidos da América continuam sua política com dois pesos e duas medidas. Complacência e parceria com Israel e seu arsenal atômico irregular. Cumplicidade com a política de exploração e massacre do povo palestino realizada por Israel. Ao mesmo tempo, ignoram os esforços do Brasil e da Turquia no acordo sobre o enriquecimento de urânio com o Irã. Chamam a essa política de "opinião da comunidade internacional". Parecem desejar a guerra a todo custo e a mídia empresarial brasileira  faz coro com eles.  

Hiroshima - 1945

O único país do mundo a usar uma arma nuclear contra duas cidades (Hiroshima e Nagasaki), matando milhares de pessoas e deixando um rastro de destruição e vergonha para toda a humanidade, tem a petulância de falar em segurança mundial. É a velha paz dos cemitérios. 
  
Lógico, essa política tem aliados tradicionais e eventuais. Mas é firme, consistente, permanente. 


Apoio a golpes de estado, apoio a regimes ditatoriais. Ditaduras para os governos dos Estados Unidos são os regimes que não os apóiam. Dessa forma, Arábia Saudita, o atual governo golpista da Tailândia, e outros exemplos da  mais escancarada ditadura, para os Estados Unidos são aliados, democracias, o "mundo ocidental" (nesse sentido até o Japão é "ocidental"). 
O líder dessa política imperialista continua agindo conforme seus interesses imediatos e também a longo prazo. Na verdade, a lógica segue aos interesses eonômicos e militares do conglomerado financeiro da "comunidade internacional" que necessita do aparato dos estados-nações para executar a face mais agressiva dessa política, a guerra, seja a de quartel, seja a militar ou  a  midiática e financeira. 


Será que Mao Tse-Tung (Mao Zedong) estava errado quando disse que o Imperialismo norte-americano é um tigre de papel?  Na verdade, não. Se lermos o texto completo de Mao, entendemos o que ele quis dizer com essa frase-título de um texto seu, de 14 de julho de 1954. Nesse texto, Mao contextualiza a história da China e a forma de agir dos Estados Unidos, até chegar ao ponto em que afirma na célebre frase que o imperialismo norte-americano é um "tigre de papel".  Alguns trechos:

(...)
Agora  o imperialismo norte-americano parece bem poderoso, mas na realidade não é. É muito fraco politicamente porque está divorciado das massas do povo e é antipatizado por todos, e até pelo povo norte-americano. Na aparência é muito poderoso, mas na realidade não é nada a se temer: é um tigre de papel. 
(...)
Quando dizemos que o imperialismo norte-americano é um tigre de papel, estamos falando em termos de estratégia. Considerado em seu todo, devemos desprezá-lo, mas considerando cada parte, devemos tomá-lo seriamente. Ele tem presas e garras. Devemos destruí-lo gradualmente. Por exemplo, se tiver dez presas, quebre uma da primeira vez, e restarão nove; acabe com a outra, e restarão oito. Quando todas as presas estiverem destruídas, ele ainda terá as garras. Se tratarmos disso passo a passo e com seriedade, certamente venceremos no final. 
Estrategicamente, devemos desprezar por completo o imperialismo norte-americano. Taticamente, devemos levá-lo a sério. Lutando contra ele, devemos encarar cada batalha, cada encontro, com seriedade. Atualmente, os Estados Unidos são poderosos, mas quando examinados em perspectiva mais ampla, como um todo e do ponto de vista de longo prazo, eles não tem apoio popular, suas políticas não são simpáticas ao povo, que eles oprimem e exploram. 
(...) " 
TSE-TUNG, Mao. Sobre a prática e a contradição. Mao Tse-Tung; apresentação por Slavoj Zizek; tradução José Maurício Gradel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, p. 137.  
      

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