quarta-feira, 12 de maio de 2010

A oposição avançou suas posições - por José do Vale Pinheiro Feitosa

A oposição resolveu prolongar o governo Lula. Como é oposição tem de mostrar-se mais contundente no continuísmo. Como fará isso?

Convencendo a sociedade que o Governo Lula é o acerto do Governo FHC. O Lula só é sucesso porque FHC aplainou o terreno, tirou os obstáculos e deixou o país prontinho para ir adiante com qualquer governo. Aliás, o Lula está repetindo este mantra ao dizer que não interessa quem ganhe, nada poderá mudar a reta ao destino virtuoso do país cujo curso já foi traçado.

A oposição usará as seguintes teses da terra aplainada: a Lei de Responsabilidade Fiscal é deles e ainda teve a oposição do PT; Alain Touraine, filósofo francês, disse que os “períodos de FHC e Lula são parte do mesmo projeto; as privatizações trouxeram benefícios para o país; os programas sociais foram uma continuidade de FHC e serão melhorados pela oposição.

O interessante é que a oposição considera injúria ao candidato Serra coisas ditas pelos petistas do tipo “Serra vai privatizar a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica”. Ou mentem para não perder votos, ou se colocam exatamente no mesmo espectro do que é o Governo Lula.

Explorar as contradições do adversário é comum em política, mas usar em campanhas da oposição a continuidade do governo adversário não é comum. Tentarão, em estilo estruturalista, “desconstruir” o conceito de “continuidade” com outro que é o “avanço”. Aqui as digitais de esquerda do PSDB, enevoando o DEM, pois “avanço” é tido como “salto qualitativo”.

Pretendem usar a referência empresarial do mérito entre os dois candidatos: quem estaria mais preparado para o “avanço” entre os dois? Mas isso seria pelo PSDB, existe o dedo do DEM, quando avanço será: “não haverá hipótese alguma para transgressão à Lei de Responsabilidade Fiscal, festival de boquinhas aos companheiros e nem a entrega dos fundos de pensão aos ex-sindicalistas amigos.”

O conteúdo é frágil como a “moralidade” de esquina, dobrou-a é outra. Não toca nas questões principais do “avanço”. Para a situação o Mendonça de Barros, ícone do PSDB, não pode ser excluído com suas “consultorias de mercado” da categoria de amigos ou de boquinhas.

A chave do “avanço” levar Serra mais à esquerda do DEM e de FHC. Isso é interessante, na tese da “continuidade”, desconstruída em “avanço”, pois torna o “avanço” dependente do Serra. Na oposição dizem: Serra não se ajusta ao figurino de vilão que o PT aplicou a FHC; Serra, assim como Dilma, não se origina da classe rica, é classe média; Serra não pode ser rotulado como direitista, reacionário, candidato dos ricos que irá privatizar o patrimônio público do país.

Quem ouviu a entrevista de Serra na CBN é isso o que ocorreu. Parece que vão tirar o candidato da oposição do conforto do “centro” e jogá-lo mais para a “esquerda”, com o objetivo de confundir a situação e o eleitor. Isso vai desencadear contradições nos tradicionais aliados do candidato, especialmente os grupos políticos mais à direita e a grande mídia que o apóia. Mas terá o papel de levar a candidata da situação a um movimento pendular, ou mais para a direita ou para um discurso mais à esquerda do que o Serra.

Enfim a campanha parece que será mesmo toda ela de esquerda, e não adianta a direita roer as unhas de raiva, dizendo que esquerda e direita não existe.

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