quarta-feira, 19 de maio de 2010

Para a geração de Marcus Cunha - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Outro dia o Dr. Marcus Cunha foi premiado pela sua justa ação profissional. Mas este homem, político, cidadão, visceralmente ligado ao Cariri e ao Crato é o primo entre pares. De uma coragem cívica invejável, não se acomodou no brilhantismo da ciência e ousou mudar o que parecia imutável.

Nada é imutável. Apenas que aquilo que se move o faz simultaneamente em si e em relação aos medidores de cada um. Marcus Cunha foi punido quando ainda jovem por um discurso de orador de quarta série de ginásio, que mexeu nos brios dos censores mais realistas que a ditadura de então.

Naquele modo de pensar, de agir e influir, se tornou o líder do projeto de transformação política mais ousado que a cidade do Crato já teve. Foi candidato a prefeito, por um partido que não pertencia ao olimpo dos deuses de um tempo não muito atrás. Arrastou consigo os sonhos dos jovens, que mesmo hoje de cabelos brancos, sabem o que aquela candidatura significou.

Quem pulou do barco, quem se bandeou quando deveria ter ficado, até hoje tem um signo na sua história que o tornará eternamente flexível aos poderosos que amanhecem, mas não costumam anoitecer. Os jovens de então, com suas certezas e cansaços de hoje, podem ter refletir, que aquela mesma matéria de então, corre em suas veias. A vida que se levanta como inclusão social, contemplando a racionalidade da fragilidade do mundo.

Dr. Marcus Cunha não é uma fotografia na parede. Os que ousaram naquela vez carregam a angústia de não poderem se deitar para dormir, sem antes pensar nas transformações que precisam ocorrer para que muito do que é trama se torne efeito. Afinal, retornando ao fio da meada, muito do que é festa, recepção, que carrega as vestimentas de um passado que há muito se encontra em estado final, encontra-se por um triz na farsa da indolência de uma história pronta para ter outros narradores.

As fotografias podem se multiplicar. As festas, os abraços, as bravatas, as palavras de ordem. Podem lotar um salão de festas, abrir o riso farto para a imagem, isso é apenas o que é: um ato político. Que hoje acontece como necessidade em si do ato, mas sem que nada lhe dinamize em acontecimento e futuro.

A geração de Marcus Cunha, aquela que foi para as ruas do Crato com sua candidatura a prefeito, se encontra num tipo de bem aventurança essencial. Têm a necessidade de não se calar e nem deixar que a construção de outro poder público e político deixe de ocorrer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário