sexta-feira, 18 de junho de 2010

pulpifex maximus


DIÁRIO DE UM SEDUTOR
Disse um velho filósofo que, se anotarmos exatamente aquilo que sucede na nossa vida, nos tornaremos, sem darmos por isso, filósofos. Já de há muito frequento a comunidade dos noivos, e é inevitável que tal fato conduza a alguma coisa. Tive pois a ideia de acumular materiais para uma obra intitulada: Contribuição para a teoria do beijo, dedicada a todos os eternos amorosos. Aliás, afigura-se-me curioso que nada exista escrito sobre este assunto. E, se conseguir ultimar este trabalho, terei consequentemente preenchido uma lacuna que de há muito se faz sentir. Será tal lacuna literária devida ao fato de os filósofos não pensarem nessas coisas, ou porque não são entendidos no assunto? - Estou já no caso de poder dar umas informações. Um beijo completo requer que sejam uma jovem e um homem a agir. Um beijo entre homens é de mau gosto ou, o que é pior tem um sabor desagradável. - Penso também que um beijo está mais próximo da sua ideia quando é o homem a dá-lo à jovem,do que inversamente. Nos casos em que, no decorrer dos anos, se produziu uma indiferença a seu respeito, o beijo perdeu todo o sentido. É o caso do beijo conjugal de interior, com o qual os esposos, à falta de guardanapo, se limpam reciprocamente com as bocas, dizendo: muito bom proveito!
(kierkegaard)

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