Quando alguém escreve com tanta energia e critica seu próprio mundo profissional como fez o Alexandre Lucas no seu texto “Circulo Estrelado ou nosso mundinho de artista” normalmente se ouve, procura-se refletir e divulgar as idéias. Por isso mesmo resolvi me tocar com o texto dele, dando-lhe a importância que tem e respeitando-o com alguma reflexão.
A primeira reflexão é que a arte não é mero divertimento. Não é um instrumento apenas do universo lúdico. E, por conseqüência, não se resume ao forte grilhão que a produção quer lhe dar como apenas mercadoria. A arte é o frontispício, aquela parte mais visível da cultura. E a cultura é a ideologia de uma sociedade, o modo como ela interage historicamente com a realidade universal que por isso mesmo a confronta e cuja realidade é modificada por ela.
A arte tem ideologia, tem explicações de mundo e construções de mundo que resultam dos ideais de classes sociais. Talvez seja aí que o Alexandre tenha considerado a dicotomia “mundo estrelado” versus “mundo estranhado”. Aquele estranhamento entre a classe média que costuma mediar as estéticas mais “consumidas” nos tempos atuais e a chamada estética popular, do consumo de massa.
Acontece que ambas estariam na mesma matriz crítica que, nas palavras do Alexandre, tenta se libertar com o exercício da arte “para os excluídos da arte, ou melhor, que a arte não seja roubada da vida de cada um”. E quando se busca ter estrutura de análise para uma crítica que tanto se faça em relação às estéticas de “salão” quanto àquelas dos grandes “palcos”, estamos efetivamente necessitando de uma base filosófica para abordar esta questão por aí.
E de cara teremos um problema. Não se encontra na essência da questão, mas existe como preliminar: a base filosófica mais sólida desta questão é a marxista e os textos mais disponíveis, ou são do século XX com forte influência soviética ou quando mais recentes estão plenos de perplexidade por influência dos dez anos primeiros anos do século XXI em que predominou a hegemonia liberal e a globalização financeira, tornando tudo um grande mercado consumidor.
Tenho por mim que uma abordagem desta questão sem uma forte base teórica, tende a se perder nos meandros do cotidiano, envelopado pela ideologia de classe ao mesmo tempo confortado por uma estratégia de mercado consumidor que é determinante para o produto consumido pelas camadas populares. Dito de maneira resumida assim é muito pouco para uma ação política como diz o Alexandre Lucas. Ele precisa de muito mais, mesmo tendo chegado a conclusões muito contundentes como artista.
Especialmente isso tem relevância, pois se pretende “uma arte conjugada com o povo e com a dimensão da vida”. Que tenha uma base nacional, tão flexível que aceite a linguagem do folclore e da arte contemporânea, que se mobilize contra a opressão, que seja participativa, coletiva, fraterna e humana. Portanto, um movimento artístico de natureza política que pretende questionar as bases mesmas que geram aqueles dois mundos em luta: o estrelado e o estranhado.
Ao se tratar de uma partida filosófica ainda é muito importante a busca das bases teóricas e da evolução do pensamento de Lukács e fazendo a análise comparada de algumas questões que a envolvem: como a Ontologia do Ser Social e Estética do mesmo autor. Daí em diante muito pensadores mais recentes, especialmente alemães, com Benjamim, serão importantes fonte teórica para uma ação política desta envergadura.
A primeira reflexão é que a arte não é mero divertimento. Não é um instrumento apenas do universo lúdico. E, por conseqüência, não se resume ao forte grilhão que a produção quer lhe dar como apenas mercadoria. A arte é o frontispício, aquela parte mais visível da cultura. E a cultura é a ideologia de uma sociedade, o modo como ela interage historicamente com a realidade universal que por isso mesmo a confronta e cuja realidade é modificada por ela.
A arte tem ideologia, tem explicações de mundo e construções de mundo que resultam dos ideais de classes sociais. Talvez seja aí que o Alexandre tenha considerado a dicotomia “mundo estrelado” versus “mundo estranhado”. Aquele estranhamento entre a classe média que costuma mediar as estéticas mais “consumidas” nos tempos atuais e a chamada estética popular, do consumo de massa.
Acontece que ambas estariam na mesma matriz crítica que, nas palavras do Alexandre, tenta se libertar com o exercício da arte “para os excluídos da arte, ou melhor, que a arte não seja roubada da vida de cada um”. E quando se busca ter estrutura de análise para uma crítica que tanto se faça em relação às estéticas de “salão” quanto àquelas dos grandes “palcos”, estamos efetivamente necessitando de uma base filosófica para abordar esta questão por aí.
E de cara teremos um problema. Não se encontra na essência da questão, mas existe como preliminar: a base filosófica mais sólida desta questão é a marxista e os textos mais disponíveis, ou são do século XX com forte influência soviética ou quando mais recentes estão plenos de perplexidade por influência dos dez anos primeiros anos do século XXI em que predominou a hegemonia liberal e a globalização financeira, tornando tudo um grande mercado consumidor.
Tenho por mim que uma abordagem desta questão sem uma forte base teórica, tende a se perder nos meandros do cotidiano, envelopado pela ideologia de classe ao mesmo tempo confortado por uma estratégia de mercado consumidor que é determinante para o produto consumido pelas camadas populares. Dito de maneira resumida assim é muito pouco para uma ação política como diz o Alexandre Lucas. Ele precisa de muito mais, mesmo tendo chegado a conclusões muito contundentes como artista.
Especialmente isso tem relevância, pois se pretende “uma arte conjugada com o povo e com a dimensão da vida”. Que tenha uma base nacional, tão flexível que aceite a linguagem do folclore e da arte contemporânea, que se mobilize contra a opressão, que seja participativa, coletiva, fraterna e humana. Portanto, um movimento artístico de natureza política que pretende questionar as bases mesmas que geram aqueles dois mundos em luta: o estrelado e o estranhado.
Ao se tratar de uma partida filosófica ainda é muito importante a busca das bases teóricas e da evolução do pensamento de Lukács e fazendo a análise comparada de algumas questões que a envolvem: como a Ontologia do Ser Social e Estética do mesmo autor. Daí em diante muito pensadores mais recentes, especialmente alemães, com Benjamim, serão importantes fonte teórica para uma ação política desta envergadura.
O texto do Alexandre Lucas diz muito do seu próprio trabalho aproximado das manifestações culturais mais populares e, por isso mesmo, parece negar estéticas modernas que fazem a tradução dessas mesmas expressões.
ResponderExcluirA "folclorização" da cultura é também uma grande besteira.
Luiz entendi o seu comentário. Inclusive que o Alexandre é explícito naquilo que ele entende como o objeto do seu querer. Quando citei o folclore foi tão somente para substituir a frase dele: batuque dos ancestrais e o som eletrônico. De qualquer modo ele no quase manifesto que só não o é pois assim não o nomeou, ele é claro em suas bandeiras. O que me interessou especialmente foi que entre elas estava a luta contra a opressão e uma crítica à arte da classe social dominante. Aí, achei que deveria apontar a necessária base teórica para um intento tão importante, ao mesmo tempo que complexo. Tudo no espírito do texto dele.
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