Antes de dormir
confesso-te
que ainda tive
forças para
meter-me debaixo
da cama e torcer
o pescoço daquele
bicho-papão sacana.
Não me agradeças.
Coisa minha
pessoal,
intransferível.
Agora podes te deitar
sem medo (mas sempre
é bom guardar um pouco)
estarei do outro lado
do corredor e deixa-me
te dizer outro segredo:
não é a moeda
que se encanta
é a parede
e suas fendas
que adoram
ver crianças
chorando.
Dorme,
pois já durmo
sobre o teclado.
Ah (ia-me esquecendo)
aquela boia do teu
primeiro mar e da tua
primeira piscina
guarda o sal e o cloro
naqueles desenhos
de golfinhos
e baleias.
Enche a boia
(lava antes o bico)
verás que os desenhos
continuam encantadores.
Agora dorme,
pois já durmo
sobre o teclado.
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