terça-feira, 6 de julho de 2010

A Felicidade Impossível - Fidel Castro

Este texto do Fidel Castro reproduzido em vários site, retirei este do http://operamundi.uol.com.br/, reflete a opinião dele sobre a política externa do governo Obama, assim como da União Européia e de alguns jogadores excêntricos em busca de um centro como a Rússia e a China. A reflexão aponta para o risco de uma guerra nuclear e isso é uma grande novidade. Isso significaria uma quebra de paradigma profunda na noção de paz, de humanidade e de futuro. Envolve questões tão graves como a louca corrida da segunda guerra mundial. Uma cadeia de desgraças que foi destruindo pessoas e recursos materiais até quase à exaustão. Afinal estaríamos às vésperas daquilo que a Guerra Fria não esquentou. Temos que debater isso. Não é o fantasma de velhinhos do séculos XX.


A felicidade impossível

Prometi que seria o homem "mais feliz do mundo se estivesse errado" e infelizmente a minha felicidade duraria muito pouco. Mas ainda não terminou a Copa do Mundo, restam ainda seis dias para o último jogo.

Que extraordinária oportunidade estão perdendo o império ianque e o Estado fascista de Israel para manterem afastadas das mentes da imensa maioria dos seres-humanos os problemas mais fundamentais!

Quem haverá percebido os sinistros planos do império no que se refere ao Irã e seus toscos pretextos para agredi-lo? Ao mesmo tempo me questiono: o que fazem pela primeira vez os navios de guerra israelenses nas águas do Golfo Pérsico, do Estreito de Ormuz e nas áreas marítimas do Irã?

É possível imaginar que os porta-aviões nucleares ianques e os navios israelenses sairão com o rabo entre as pernas após cumprirem os requisitos pré-acordados na Resolução 1929, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em junho, a qual autoriza serem inspecionados navios e aeronaves iranianas em qualquer Estado e alto mar? A Resolução também estabelece que a inspeção não se realize sem o consentimento do Irã. Nesse caso, a recusa seria objeto de análise. Outra possibilidade é de confiscar o inspecionado, caso se confirme que aquele esteja violando o acordado na Resolução.

Um Irã desarmado foi vítima daquela cruel guerra com o Iraque, na qual massas de Guardiões da Revolução limparam os campos minados e avançaram sobre os mesmos. Não é o que acontece neste momento. Nas minhas reflexões anteriores expliquei que Mahmoud Ahmadinejad foi chefe dos Guardiões da Revolução no Oeste do Irã, que levou o peso principal daquela guerra. Anos mais tarde, um Iraque estimulado enviou a maioria de sua Guarda Republicana e se anexou ao Emirado Árabe de Kuwait, rico em petróleo, que foi presa fácil.

O governo do Iraque mantinha com Cuba uma estreita amizade e recebia, desde os tempos em que não guerreava com ninguém, importantes serviços de saúde. O nosso país tentou persuadi-lo para que abandonasse o Kuwait e terminasse a guerra que tinha provocado a partir de pontos de vista errados. Hoje é sabido que uma medíocre embaixadora ianque, que tinha excelentes relações com o Governo do Iraque, o induziu ao erro cometido.

Bush pai atacou o seu antigo amigo chefiando uma potente coligação com uma forte composição árabe-muçulmana-sunita de países que fornecem petróleo para grande parte das nações industrializadas e ricas, a qual avançou desde o Sul do Iraque para cortar a retirada à Guarda Republicana que se dirigia para Bagdá, a que por prudência da Infantaria de Marinha e das Forças Armadas dos Estados Unidos—sob o comando de Colin Powell, general com prestígio, e posteriormente Secretário de Estado de George W. Bush - escapou para a capital do Iraque.

Por pura vingança, utilizaram contra ela projéteis contaminados com urânio empobrecido, com os que pela primeira vez experimentaram o dano que poderiam produzir nos soldados adversários.

O Irã, que agora é ameaçado com seus exércitos de ar, mar e terra, de religião muçulmano-xiita, em nada é parecido à Guarda Republicana que atacaram impunemente no Iraque. O império está a ponto de cometer um impagável erro sem que nada o possa impedir. Avança inexoravelmente para um destino sinistro.

O único que se pode afirmar é que houve quartas-de-final na Copa do Mundo. Assim, fãs do esporte que somos, pudemos desfrutar dos emocionantes jogos em que vimos coisas incríveis. Afirma-se que, em 36 anos, o time da Holanda não perdia em uma sexta-feira em jogos da Copa do Mundo. Apenas, graças aos computadores poderia fazer-se esse cálculo.

O fato real é que o Brasil foi eliminado das quartas-de-final da Taça.

Um juíz deixou o Brasil fora da Taça. Pelo menos essa foi a impressão que não deixou de repetir um excelente comentarista esportivo da televisão cubana. Depois a FIFA declarou que era correta a decisão do árbitro.

Mais tarde, o próprio juíz deixou o Brasil com 10 jogadores em um momento decisivo, quando ainda restava mais da metade do segundo tempo do jogo. Com certeza essa não foi nunca a intenção do árbitro. A Argentina foi eliminada também. Nos primeiros minutos o time alemão através do meio-campo Muller, surpreendeu à confiada defesa e ao goleiro argentino conseguindo marcar um gol.

Posteriormente, não menos de 10 vezes, os centroavantes argentinos, por uma do time alemão, não conseguiram marcar um gol.

Pelo contrário, o time alemão marcou outros três gols e até Ângela Merkel, Chanceler Federal da Alemanha aplaudia com muito entusiasmo.

Assim, novamente, um dos times favoritos perdeu. Dessa forma, mais de 90% dos fãs do futebol em Cuba ficaram atônitos.

A maioria esmagadora dos amantes desse esporte nem sequer sabem em que continente está localizado Uruguai. Uma final entre países europeus será o mais descolorido e anti-histórico desde que esse esporte nasceu no mundo.

No entanto, na areia internacional aconteceram fatos que não tem nada a ver com os jogos de azar e sim com a lógica elementar que rege os destinos do Império.

Uma série de notícias vieram a tona nos dias 1, 2 e 3 de julho. Todas em torno de um fato: grandes potências representadas no Conselho de Segurança das Nações Unidas com direito ao veto, mais a Alemanha, exigiram, no dia 2 de julho, “uma rápida resposta” do Irã ao convite que lhe foi feito para reiniciar as negociações sobre o seu programa nuclear.

O Presidente Barack Obama assinou em 1º de julho uma Lei que alarga as medidas existentes contra as áreas energéticas e bancárias do Irã e poderia punir as companhias que realizem negócios com Governo de Teerã. Quer dizer, o bloqueio rigoroso e o estrangulamento do Irã.

O Presidente Mahmoud Ahmadinejad afirmou que seu país reiniciará as conversações no fim de agosto e ressaltou que nelas devem participar países como o Brasil e a Turquia, os dois únicos membros do Conselho de Segurança que rejeitaram as sanções do passado dia 9 de junho.

Um funcionário de alto nível da União Européia advertiu, pejorativamente, que nem o Brasil nem a Turquia serão convidados para participar nas conversações. Não faz falta nada mais para tirar as conclusões pertinentes.

Nenhuma das duas partes cederá; uma, pelo orgulho dos poderosos, e outra, pela resistência ao jogo e pela capacidade para combater, como tinha acontecido tantas vezes na história do homem.

O povo do Irã, uma nação com tradições culturais milenares, sem dúvida, vai defender-se dos agressores. É incompreensível que Obama pense seriamente que o Irã aceitará essas exigências.

O Presidente e seus líderes religiosos, inspirados na Revolução Islâmica de Ruhollah Khomeini, criador dos Guardiões da Revolução, as Forças Armadas modernas e o novo estado do Irã, resistirão.

Povos pobres do mundo, que não temos a menor culpa do colossal enredo criado pelo imperialismo, localizados neste hemisfério ao Sul dos Estados Unidos, o resto situados no Oeste, no Centro e no Sul da África, e os outros que possam ficar ilesos da guerra nuclear no resto do planeta, apenas temos a alternativa de encarar as conseqüências da catastrófica guerra nuclear que vai estourar em breve.

Infelizmente não tenho nada que retificar e me responsabilizo plenamente com tudo o que venho escrevendo nas últimas Reflexões.

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