A minha xícara
tem duas pequeninas
fissuras na borda
(o quadro se assemelha
a um sorriso)
e logo que a cafeteira
canta ofegantes suspiros
o som passa pelas covinhas
da minha xícara
trazendo-me à alma
um estalo.
Levanto-me da escrivaninha.
Arrasto-me os chinelos.
Da porta da cozinha
(emocionado)
vejo a cafeteira
e minha xícara
próximas,
em profundo deleite
sem uma pontinha
de ciúme
por ser, afinal, o poeta
o único desvairado
senhor delas
e delas escravo.
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