quarta-feira, 28 de julho de 2010

Manhã De Quarta

Não me canso
de entreter-me
com as formiguinhas
em zigue-zague
aos encontrões.

Por magia (a intuição das formigas
é pura e delicada magia)

desviam-se no momento
em que as antenas de algumas
haveriam de ferir os olhinhos
de outras.

Cada qual no dorso
leva uma partitura
da natureza: folha,
graveto, asa
de besouro.

Há aquelas mais caseiras
e preferem: farelos de pão
cuscuz e bolacha.

Seguem sempre em zigue-zague
aos encontrões sem nunca
se machucarem.

Confessam coisas inaudíveis
aos meus ouvidos e sobem
pelas paredes.

2 comentários:

  1. Este é um tempo que ganhamos, quando paramos e observamos qualquer ato da e na natureza. Felizes as crianças que fazem isto com mais frequencia e sabedoria.
    Parabéns pela criança sábia que existe em ti, Domingos.
    Um abraço gracioso.
    Íris Pereira

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  2. Obrigado, Iris.

    O milagre é a eternidade
    da criança em nossa alma.

    Busco sempre.

    Carinhoso abraço.

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