quinta-feira, 8 de julho de 2010

Retalhos na janela de LCD - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nem peçam que me recuso a falar. De goleiro. Jornalista e delegado de polícia. Já tomei uma caixa de antiácido que o ardor não cessa. Excesso de exposição.

Se as pitonisas poderiam, por que um polvo não? Até o Galvão Bueno e o Presidente da CBF podem. Por que um polvo não?

É impressionante a capacidade do governo cubano em fazer notícia. Preso político é notícia mundial na entrada e na saída.

A Rede Globo parece mulher de malandro. Passa o dia todo contando exemplos de machões pela América latina dando safanões nas Mídias.

Será que a Globo sofre de masoquismo? Fica contando as porradas nas vizinhas para lembrar ao malandro que as faltam em casa?

Dois meninos de Floripa, com 14 anos fizeram com uma menina de 13 anos aquilo que não podemos contar a menores. Deram bebida à menina e no dia seguinte só restou exame de corpo delito por estupro.

Um era filho de um delegado de polícia. O outro era bem pior: de um diretor da RBS, retransmissora da rede Globo em Santa Catarina.

Uma notícia destas e os carcarás da mídia empoleirados nos galhos secos. Nem uma nota. Um aviso secreto que fosse.

Um blogueiro tocou a notícia para frente. Com o mais incrível material jornalístico. Sem sair da tela do seu computador na rede social encontrou os dois estupradores, em seus microblogs acertando e se vangloriando da própria violência.

Um delegado de polícia catarinense afirmou: que não estava lá para saber se a menina tinha ou não consentido naquilo tudo. Eu não disse que era pior: o delegado ainda queria estar lá.

O menino filho do tal de Sirotsky, a liberdade dos donos da mídia, chegou a um diálogo incrível no seu microblog. O amigo pergunta: estuprar está na moda? O filhote do dinheiro responde: eu curro quem eu quiser! O amigo retorna: tu nem tem medo de ser preso? O impune pela própria natureza: tu tá zuando, né?

Mas tem o lado negro da lua. O general Manuel Contreras, 81 anos, ex-chefe de polícia política de Pinochet foi condenado a 17 anos de cadeia. Pelo atentado contra o Gal. Prats e sua mulher.

E aí! Tá bom: um pai estuprador, uma mãe que a abandonou e um filho que pode ser objeto valioso de grana. Aí tudo degringola: a avó ganha a guarda do neto. Nesta história parece que apenas uma ganha.

Uma moça com um útero para gerar indenização e pensão grandiosa. Um grupo de amadores praticando um crime hediondo: um macarrão, um menino de rua, um domador de cães e um goleiro tomando frango.

O menino do poderoso de Santa Catarina e o ídolo do futebol tinham a mesma noção que o dinheiro lhes deu: a impunidade.

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