Woody Allen dirige Evan Rachel Wood e Larry David.
foto California Productions
Dizem que Woody Allen é repetitivo, que cada filme é mais do mesmo, que é verborrágico, discursivo sem vírgulas, encucado metido a engraçado. Não vejo assim. O cineasta nova-iorquino é, sobretudo, original, fidelíssimo aos seus conceitos, não faz manobras para expor seu ponto de vista. O cinema de Woody Allen, principalmente os filmes realizados a partir dos anos 80, trazem um conteúdo filosófico inquietante e admirável. E essas reflexões da realidade são expressas de maneira sensata, divertida, de humor quase negro e indiscutivelmente inteligente.
Woody Allen não é um "comediante", por mais que sua cara deponha em contrário, e mesmo quando não protagoniza seus filmes. Por trás daqueles óculos de lentes grossas (sua marca registrada) de um homem franzino, bate um coração cheio de dúvidas, interrogações e nenhuma resposta. O que Allen questiona em seus filmes são perguntas que necessariamente não precisam de refutação. Seu cinema não é um talk show filosófico, não é um Quiz como teste de conhecimentos sobre a esquisitice da raça humana. Em cada filme o cineasta parte de si mesmo, e desse ponto nevrálgico parte do homem como ser complexo, parte da vida como algo que não faz sentido, ou se sentido há, é sempre movido a perplexidade.
Amor, paixão, sexo, religião, neuroses comportamentais, relacionamentos afetivos e outros precipícios, são temas pontuais nos mais de quarenta títulos de Woody Allen, que tem a sorte de poder realizar no mínimo um filme por ano, e assim pôr à vista seus diálogos analíticos.
Seu mais recente trabalho, "Tudo pode dar certo" (Whatever works), em cartaz em algum cinema que se preze, é mais um belíssimo testemunho de um artista que não cede à passividade, e prefere a crítica mordaz à aceitação do que é só porque assim lhe parece. No filme um sessentão, ex-professor universitário, separado, solitário, considera-se ser o único capaz de compreender a insignificância das aspirações humanas e o caos do universo. Inicialmente vemos o personagem como um rabugento, mau humorado, grosseiro, e podemos até continuar achando, mas é impossível não sucumbir aos questionamentos colocados de forma espirituosa, e se envolver com as situações que se sucedem ao longo da história. O humor que se observa no filme é refinado e ao mesmo tempo ácido, cru, implacável. Fundamentalistas cristãos, judeus e evangélicos, ricos e pobres, homens e mulheres, não escapa ninguém, não há perdão para o chato.
Amante do jazz, Woody Allen capricha cada vez mais na trilha sonora. E dessa vez ouve-se "Desafinado" de Tom Jobim e Newton Mendonça, numa versão de Stan Getz, e "Menina Flor", de Luiz Bonfá, por ninguém menos que o grande Charlie Bird.
nirton, gostaria que você desse sua opinião a respeito da minha última postagem: "pegando no gancho do cap. gancho". sou perseguido por esse cara (armando rafael), desde que postei umas imagens de cristo (nu), na semana santa deste ano. veja no teor do texto o tom raivoso e destemperado do "cristão". pior é que sou um solitário nesta cruzada. a maioria dos postadores deste blog são amigos do mesmo e não podem tomar partido. ou , calando, seja uma forma de concordarem com ele. então, peço a você, que se der escreva algo a respeito. não precisa ser ,necessariamente, a meu favor.
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