A fé numa causa sagrada é, em grau
considerável, um substituto para a
perdida fé em nós mesmos.
Quanto menos justificado um homem é em clamar excelência para si mesmo, mais
pronto está ele para clamar toda excelência para sua pátria, sua religião, sua raça ou
sua causa sagrada.
O homem inclina-se a cuidar dos seus
próprios interesses quando eles valem a
pena. quando não, ele afasta os pensamentos de seus próprios e insignificantes assuntos e passa a preocupar-se com os assuntos dos outros.
Esse preocupar-se com os assuntos dos outros
exprime-se em falatórios, mexericos e
intromissões, e também em fervente interesse
nos assuntos comunitários, nacionais e
raciais. quando fugimos de nós próprios,
caímos no ombro do nosso vizinho ou nos
atiramos à sua graganta.
A ardente convicção de que temos um sagrado
dever para com os outros é uma maneira de fazer com que o nosso ego naufragante se agarre a uma tábua de salvação. o que parece ser uma mão
estendida para auxiliar os outros é na verdade uma mão estendida para procurar a nossa própria vida. eliminemos nossos sagrados deveres e deixaremos nossa vida vazia e sem significação. não há dúvida que trocando uma vida auto-centralizada por uma vida altruística ganhamos enormemente na nossa auto-estima. a vaidade dos altruístas é ilimitada mesmo naqueles que praticam o altruísmo com extrema humildade.
(eric hoffer)
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