quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Retalhos

Talvez a gengiva inflamada
por sobra de versos.

Haveria de ter escrito poemas
e não perdido os sentidos
depois do último trago
e da última baforada.

Recomeça o silêncio
dentro de uma mente
que é toda balbúrdia.

O coração é uma eterna delicadeza
de vasos dilatados (decerto todos
inflamados e tenros ao primeiro golpe
do bisturi ou da pena).

Alma, oh alma
não espremas tantas nuvens
não queimes tantos cílios:

basta de chuva
nos meus olhos.

Prefiro os sapinhos
da minha língua
a este dolorido vazio
de não morder nunca
braço de ninguém.

Um comentário:

  1. Domingos,
    Tenho recitado você e outros poetas do mesmo naipe (Lupeu, Geraldo Urano, dentre outros) no meu programa semanal Cariri Encantado - Sonoridades, que vai ao ar pelas ondas da Radio Educadora do Cariri todas as quartas-feiras. (www.radioeducadoradocariri.com).

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